sábado, 25 de janeiro de 2014

PRODUÇÃO TEXTUAL - VERSÃO ORIGINAL (COM ERROS E TUDO) - OS TOUROS

PRODUÇÃO TEXTUAL II- VERSÃO ORIGINAL (COM ERROS E TUDO)

“Os touros” Eles já existiam, já estavam lá, nas cavernas pré-históricas, lado a lado dos homens de Neanderthal, em suas formas primitivas, bizarras: búfalos, bisões...os touros; figuras mágicas em cores e contornos. Antes mesmo da criação do mundo cristão dos hebreus, o povo egípcio explicava a origem do universo: forjado pelo ferreiro divino, Ptah, representado pelo boi-Ápis, um “touro de capa” (auto-castrado) num gesto de esparramar seu sêmen deu origem a tudo o que se diz “princípio de vida”, concretizada pela força de seu coração e do verbo “ser”; o touruno Rá que na terra era representado por Osíris. Este, quando morreu tornou-se o soberano do reino dos mortos, na misteriosa região abaixo do horizonte ocidental, onde o “touro de ouro”, o sol, se punha todos os fins de tarde e para onde todos iriam um dia, para terem suas almas julgadas. É a primeira representação do inferno e a primeira espécie de purgatório de que a história tem conhecimento. Mais uma vez, sinônimo de princípio, o princípio da “história” (com o uso da escrita) , no que diz respeito à primeira letra do alfabeto, teve origem do pictograma hieróglifo da cabeça de um touro invertido: o Aleph dos egípcios e dos fenícios, o Alef dos hebreus, o Alpha dos gregos e enfim o nosso “A”. Depois disso, os touros se difundiram por todo tempo e espaço. O touro dos assírios dominou terras (entre rios) e o céu com sua violência e crueldade alada. Na pérsia, os touros sustentavam em suas cabeças os palácios dos reis de Pasárgada. No Velho Testamento, os hebreus já divinizaram um “bezerro de ouro”, uma imagem (aparentemente) inofensiva de um futuro touro, símbolo de escravidão e repressão por parte dos egípcios aos povos conquistados. Nas lendas e mitos greco-romanos conta-se a história de amor entre o divino Zeus/Júpter que se enamora da adorável Europa apresentando-se a ela sob a forma de uma figura taurina surpreendentemente dócil que a deixa montar. Desta união nasce Minos, o divino rei cruel, tirânico e egocêntrico que fora presenteado com um touro branco que deveria em certa feita ser servido em sacrifício, o que não aconteceu. Como punição dos demais deuses, a traição da mulher de Minos com um “touro comum”, que gerou o monstruoso Minotauro; aprisionado no Labirinto do Palácio de Cnossos, em Creta e que fora morto tempos depois por Teseu. Até hoje, existem vestígios das cerimônias que aconteciam na antiga ilha das “mulheres de cintura fina” em devoção ao touro. Tais honrarias eram feitas por jovens selecionados que dançavam por trás dos touros selvagens e demonstravam sua destreza fazendo “ginástica” entre os enormes chifres. As touradas e as corridas de touros da Espanha e de Portugal são exemplos disso. A reverência religiosa na qual os bovídeos ou bovinos são considerados animais sagrados e não podem ser feridos são mantidos na Índia; fato inverso da cultura hispano-portuguesa. Voltando ao Egito, o touro sagrado quando morria era mumificado e colocado no túmulo correspondente mediante cerimônia elaborada em sinal de luto e em sua cabeça era afixado um disco dourado, símbolo da força vital do sol que era engolido todos os dias e logo mais parido por Nut (o céu), “a vaca divina”. Se olharmos para o verso da cédula de um dólar, veremos um olho (símbolo de Osíris) sobre uma pirâmide, o grande deus com cabeça de touro. Uma demonstração do poder de tal “moeda”. Na astronomia, a constelação zodiacal de touro é composta pelas estrelas conhecidas como as Híades e as Plêiades. Além delas, Aldebarã: a grande estrela avermelhada, freqüentemente chamada de “o olho de touro”. O touro do céu é manco, tem apenas meio corpo e como diz o poeta Manilius: “Touro se curva fatigado pelo peso da Ursa Maior” e a chama de “dives puellis”, “rico em pureza” (profundamente inocente). Os astrólogos afirmam que a posição dos astros na hora exata do nascimento de uma pessoa, além dos movimentos astrais posteriores, influem no caráter e no seu destino. O touro, na astrologia, é de terra, é o segundo signo do zodíaco, regido pelo planeta Vênus; diz respeito às pessoas nascidas entre 20 de abril e 20 de maio (período mais pleno da primavera), representada pela figura de Afrodite (grega) ou Vênus (romana). No horóscopo chinês é mais complexo. Os touros podem ser de metal, de água, de madeira, de fogo ou de terra; regem o mês de janeiro assim como as três primeiras horas de um novo dia e o inverno referente do oriente. Nascer sob a influência do signo astral de touro é: viver em busca de si mesmo através do que consegue de material, é ser e ter constância (senão obstinação), lealdade, serenidade, compreensão, sensibilidade, calma, afeição, generosidade, praticidade, firmeza, e extrema sensualidade erótica. A quem interessa saber um pouco mais... sua cor é o laranja: nem vermelho (emoção impulsiva e violenta) nem amarelo (racional desmedido). Os touros não são bem vindos em “terra de Sagitário” (como é denominada astrologicamente a Espanha), onde toureiros ou toureadores vestidos a caráter, com seu terno e casaco de seda adornado com lantejoulas, com cabelos trançados ou à Juan Belmonte parecem até dançar cadenciadamente o “pasodoble” como quem vai à guerra (em marcha) combater o inimigo provocando, instigando a violência “assíria” taurina; com suas “verônicas e muletas vermelhas desafiadoras numa praça de touros. E se o touro se recusa a sofrer sob o acicate, empreende-se no lombo as bandarilhas negras, e quando cair, virá o golpe fatal: a punhalada final da pontilha. – Que entrem os picadores! E não é mesmo verdade que deles se aproveita tudo? O que é um touro, senão um “boi inteiro” (não castrado), um ruminante, um quadrúpede de tração. Na metáfora feminina “estar com eles” é estar “naqueles dias”; na metáfora masculina, ser um “touro” é ser o tal: fogoso e robusto. Agora, enquanto boi... é ser “aquele que ostenta um belo chifre” (em sentido figurado) é o parceiro de uma “vaca” qualquer (se é que me entende); uma paródia do Minotauro moderno. Em síntese: ora o touro é um deus, um ser de luz, uma estrela, um ser sagrado cheirando a incenso. Ora o é o próprio diabo, o satã, é profano, a própria escuridão dos poços de enxofre. Um touro é um “touro”.

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