sábado, 25 de janeiro de 2014

A casa de Maria - PRODUÇÃO TEXTUAL (COM ERROS E TUDO)


Gosto das coisas simples, mas de uma simplicidade incomum.
Prefiro, sempre, necessitar menos a possuir mais.
Nossos desejos são como crianças: quanto mais cedemos a eles, mais exigentes se tornam.
(...)
Quero...
... patos no meu jardim e galinhas no meu quintal. Um pequeno lago natural que circunde a casa inteira.
...planta trepadeira que suba até meu beiral. Pé de uva e/ou maracujá, plantas mais bonitas que essas, não há. Não quero morar em apartamento. Eu sei que, de certa forma, é mais seguro, mas prefiro uma casa, construída do meu jeito, mobiliada ao meu estilo.
... viver só. Não gastarei muita energia nem água e, se der, dou até um jeito (descobrirei) de torná-la reutilizável. ... tudo natural, tirado do meu pomar, haja que esperar!
... comer da minha horta.
... plantar feijão, verduras e outras: ervas. 
... muitas plantas, muitas flores, muitas cores. Não vou me importar com as folhas amarelas caídas pelo chão, pois, prefiro outono à verão.
... uma floresta, mil passarinhos, mil ninhos, mil cantos naturais.
... borboletas.
... uma pedra grande (enorme) no meio do “manancial”.
... sapos, gias, cururus.
... libélulas.
... muito vento para balançar as folhas, os ramos, os galhos.
... vento para fazer dançar a folhagem e a poeira no/do chão.
... vento, também, para secar a roupa do meu varal, para mexer minhas cortinas, bater minhas portas e janelas, de vez em quando.
... cadeiras de rainha em cada canto para sentar e observar, admirar e admirar.
... chuva.
... casa com telhado, para eu não perder um só barulho, uma só festa dos/de pingos sobre elas.
... muros enormes, bem reforçados. Talvez, queira um cachorro.
... coisas antigas, formas passadas.
... quase um deserto.
... girassóis.
... rosas.
... sinos de vento.
... um castelo.
... uma mesa enorme na cozinha, uma bancada, de uma parede à outra.
... tudo de dois, mas, só eu – só. Talvez...
Meu par será/é tudo o que tenho e tudo o que tiver.
... uma pia enorme, sem preocupação de arranhar.
... mil móveis (maneira de dizer). Quero dizer, cada coisa no/em seu lugar. A cama? Pode ser até no chão: só o colchão.
... todos os meus livros e cadernos e minha vida neles. Não quero retratos.
... paisagens no quadro e em tudo mais.
... pintar minhas paredes, projetar meu ideal.
... cata-ventos, rodamoinhos.
... peixes.
... uma ponte.
... paz.
... ser boa.
... servir de exemplo.
... dever nada, ou o mínimo possível.
Não quero dar satisfação. Não pretendo receber visitas, muito menos dar festas. Eu escolho quem eu quero comigo, no meu abrigo – e eu só quero os “anjos”. E eu só quero o silêncio. E eu só quero alguém igual a mim: que tenha o mesmo amor. Eu quero sair de vez em quando, visitar quem necessita: ajudar com o de comer, o de beber, o de vestir...
Não quero frescuras. Não quero copos de cristal. Quero gritar, cantar e ouvir, alto, o que eu quiser. Sonhar vivendo a/uma realidade. Quero ser autossuficiente. Não quero telefone,. TV, até pode ser/ter. quero o serviço doméstico: lavar, passar, cozinhar. Não quero preocupação com o tempo. Não quero filhos.
(...)
 Quero...
... cozinha, quarto e banheiro. No lugar da luz, pensando bem, uma vela; uma lamparina; uma fogueira, até. Lampião, não, tenho medo de gás.
... um fogão à lenha.
... tudo muito rústico, mas quero tudo. Ser feliz. Pegar na terra, andar com os pés no chão. Bananeiras. Respeito.  
Não, eu não quero um sítio, não quero uma fazenda, não quero cabeças de gado. Sorte. Ver pintinhos e patinhos saindo dos ovos, correndo de um lado para o outro. Morrer dormindo. Todo o meu mundo particular dentro da minha casa, do meu lar. Deixar tudo por escrito, mostrar, demonstrar; provar e comprovar que assim eu fui e sou feliz. De forma bem simples. Simplesmente, sem ser comum.
(...)
  H
Para que viagens a Paris?
Para que conhecer os Estados Unidos/Nova York?
-          pelo menos, se fosse como (a) Europa ou coisa assim.
Quero viver bem longe dos vícios humanos.
Quero viver longe dos remédios, das coisas artificiais.
Não quero ter endereço, número, (nem) caixa postal.
Quero minha casa no alto de algum lugar
E quando a velhice chegar...
Sou bem capaz de me matar. _- Será modo de falar?...
Sou capaz de construir um barraco
Deste jeito, no ato, desde que...
Seja no meio do mato.
Sou capaz de ir a feiras,
Catar aqui e acolá o que não prestar e restar
E preparar a terra para plantar.
Não tenho luxo de comer carne vermelha.
Prefiro ovo, arroz e carne branca
Não tenho, então, porque perder a esperança
Quem pouco pede, sempre alcança.
(...)
-          Não quero depender de ninguém.
Assim como, não quero que dependam de mim.
(...)

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