Livro
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Livro é um volume transportável, composto por páginas encadernadas, contendo texto manuscrito ou impresso e/ou imagens
e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal) ou a
parte principal de um trabalho literário, científico ou outro.
Em ciência da informação o livro é chamado monografia, para distingui-lo de outros tipos de publicação como revistas, periódicos, teses, tesauros, etc.
O livro é um produto intelectual e, como tal, encerra conhecimento
e expressões individuais ou colectivas. Mas também é nos dias de hoje
um produto de consumo, um bem e sendo assim a parte final de sua
produção é realizada por meios industriais (impressão e distribuição). A
tarefa de criar um conteúdo passível de ser transformado em livro é
tarefa do autor. Já a produção dos livros, no que concerne a transformar os originais em um produto comercializável, é tarefa do editor, em geral contratado por uma editora. Outra função associada ao livro é a coleta e organização e indexação de coleções de livros, típica do bibliotecário.
Finalmente, destaca-se também o livreiro cuja função principal é de
disponibilizar os livros editados ao público em geral, vendendo-os nas
livrarias generalistas ou de especialidade. Compete também ao livreiro
todo o trabalho de pesquisa que vá ao encontro da vontade dos leitores.
Índice[esconder] |
[editar] História
A
história do livro é uma história de inovações técnicas que permitiram a
melhora da conservação dos volumes e do acesso à informação, da
facilidade em manuseá-lo e produzi-lo. Esta história é intimamente
ligada às contingências políticas e econômicas e à história de ideias e
religiões.
[editar] Antiguidade
Na Antiguidade surge a escrita,
anteriormente ao texto e ao livro. A escrita consiste de código capaz
de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos, em
resumo: palavras. É importante destacar aqui que o meio condiciona o signo, ou seja, a escrita foi em certo sentido orientada por esse tipo de suporte; não se esculpe em papel ou se escreve no mármore.
Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra. A seguir veio o khartés (volumen para os romanos, forma pela qual ficou mais conhecido), que consistia em um cilindro de papiro,
facilmente transportado. O "volumen" era desenrolado conforme ia sendo
lido, e o texto era escrito em colunas na maioria das vezes (e não no
sentido do eixo cilíndrico, como se acredita). Algumas vezes um mesmo
cilindro continha várias obras, sendo chamado então de tomo. O comprimento total de um "volumen" era de c. 6 ou 7 metros, e quando enrolado seu diâmetro chegava a 6 centímetros.
O papiro consiste em uma parte da planta, que era liberada, livrada (latim libere, livre) do restante da planta - daí surge a palavra liber libri, em latim, e posteriormente livro em português. Os fragmentos de papiros mais "recentes" são datados do século II a.C..
Aos poucos o papiro é substituído pelo pergaminho,
excerto de couro bovino ou de outros animais. A vantagem do pergaminho
é que ele se conserva mais ao longo do tempo. O nome pergaminho deriva
de Pérgamo, cidade da Ásia menor onde teria sido inventado e onde era muito usado. O "volumen" também foi substituído pelo códex,
que era uma compilação de páginas, não mais um rolo. O códex surgiu
entre os gregos como forma de codificar as leis, mas foi aperfeiçoado
pelos romanos nos primeiros anos da Era Cristã. O uso do formato códice (ou códice) e do pergaminho era complementar, pois era muito mais fácil costurar códices de pergaminho do que de papiro.
Uma
consequência fundamental do códice é que ele faz com que se comece a
pensar no livro como objeto, identificando definitivamente a obra com o
livro.
A
consolidação do códex acontece em Roma, como já citado. Em Roma a
leitura ocorria tanto em público (para a plebe), evento chamado recitatio,
como em particular, para os ricos. Além disso, é muito provável que em
Roma tenha surgido pela primeira vez a leitura por lazer (voluptas),
desvinculada do senso prático que a caracterizara até então. Os livros
eram adquiridos em livrarias. Assim aparece também a figura do editor,
com Atticus, homem de grande senso mercantil. Algumas obras eram encomendadas pelos governantes, como a Eneida, encomendada a Virgílio por Augusto.
Acredita-se
que o sucesso da religião cristã se deve em grande parte ao surgimento
do códice, pois a partir de então tornou-se mais fácil distribuir
informações em forma escrita.
[editar] Idade Média
Na
idade Média o livro sofre um pouco, na Europa, as consequências do
excessivo fervor religioso, e passa a ser considerado em si como um
objeto de salvação. A característica mais marcante da Idade Média é o
surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a
reproduzir as obras, herdeiros dos escribas egípcios ou dos libraii romanos. Nos mosteiros era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didáticos, destinados à formação dos religiosos.
O
livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em
branco. Também surge a pontuação no texto, bem como o uso de letras
maiúsculas. Também aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria
de gêneros, além do didático, aparecem os florilégios (coletâneas de
vários autores), os textos auxiliares e os textos eróticos.
Progressivamente aparecem livros em língua vernácula, rompendo com o
monopólio do latim na literatura. O papel passa a substituir o pergaminho.
Mas
a invenção mais importante, já no limite da Idade Média, foi a
impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos
de madeira do conteúdo de cada página do livro; os blocos eram
mergulhados em tinta, e o conteúdo transferido para o papel, produzindo
várias cópias. Foi em 1405 surgia na China, por meio de Pi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocaria uma revolução cultural moderna foi desenvolvida por Johannes Gutenberg.
A Epopéia de Gilgamesh é o livro mais antigo conhecido.
[editar] Idade Moderna
No Ocidente, em 1455, Johannes Gutenberg inventa a imprensa com tipos móveis
reutilizáveis, o primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em
latim. Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a
impressora punha em causa a sua ocupação. Mas com a impressora de tipos
móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais
acessível pela redução enorme dos custos da produção em série.
Com o surgimento da imprensa desenvolveu-se a técnica da tipografia,
da qual dependia a confiabilidade do texto e a capacidade do mesmo
para atingir um grande público. As necessidades do tipo móvel exigiram
um novo desenho de letras; caligrafias antigas, como a Carolíngea, estavam destinadas ao ostracismo, pois seu excesso de detalhes e fios delgados era impraticável, tecnicamente.
Uma das figuras mais importantes do início da tipografia é o italiano Aldus Manutius. Ele foi importante no processo de maturidade do projeto tipográfico, o que hoje chamaríamos de design gráfico ou editorial. A maturidade desta nova técnica levou, entretanto, cerca de um século.
[editar] Portugal
Em Portugal, a imprensa foi introduzida no tempo do rei D. João II. O primeiro livro impresso em território nacional foi o Pentateuco, impresso em Faro em caracteres hebraicos no ano de 1487. Em 1488 foi impresso em Chaves o Sacramental de Clemente Sánchez de Vercial, considerado o primeiro livro impresso em língua portuguesa, e em 1489 e na mesma cidade, o Tratado de Confissom. A impressão entrava em Portugal pelo nordeste transmontano. Só na década de noventa do século XV é que seriam impressos livros em Lisboa, no Porto e em Braga.
Na idade Moderna aparecem livros cada vez mais portáteis, inclusive os livros de bolso. Estes livros passam a trazer novos gêneros: o romance, a novela, os almanaques.
[editar] Idade Contemporânea
Cada vez mais aparece a informação não-linear, seja por meio dos jornais, seja da enciclopédia. Novas mídias acabam influenciando e relacionando-se com a indústria editoral: os registros sonoros, a fotografia e o cinema.
O acabamento dos livros sofre grandes avanços, surgindo aquilo que conhecemos como edições de luxo. Atualmente, a Bíblia é o livro mais vendido do mundo.
[editar] Livro eletrônico
De
acordo com a definição dada no início deste artigo, o livro deve ser
composto de um grupo de páginas encadernadas e ser portável.
Entretanto, mesmo não obedecendo a essas características, surgiu em fins
do século XX
o livro eletrônico, ou seja, o livro num suporte eletrônico, o
computador. Ainda é cedo para dizer se o livro eletrônico é um
continuador do livro típico ou uma variante, mas como mídia ele vem
ganhando espaço, o que de certo modo amedronta os amantes do livro
típico - os bibliófilos.
Existem livros eletrônicos disponíveis tanto para computadores de mesa quanto para computadores de mão, os palmtops.
Uma dificuldade que o livro eletrônico encontra é que a leitura num
suporte de papel é cerca de 1,2 vez mais rápida do que em um suporte
eletrônico, mas pesquisas vêm sendo feitas no sentido de melhorar a
visualização dos livros eletrônicos.
[editar] A produção do livro
A
criação do conteúdo de um livro pode ser realizada tanto por um autor
sozinho quanto por uma equipe de colaboradores, pesquisadores,
co-autores e ilustradores. Tendo o manuscrito terminado, inicia a busca
de uma editora
que se interesse pela publicação da obra (caso não tenha sido
encomendada). O autor oferece ao editor os direitos de reprodução
industrial do manuscrito, cabendo a ele a publicação do manuscrito em
livro. As suas funções do editor são intelectuais e econômicas: deve
selecionar um conteúdo de valor e que seja vendável em quantidade
passível de gerar lucros ou mais-valias para a empresa. Modernamente o
desinteresse de editores comerciais por obras de valor mas sem garantias
de lucros tem sido compensado pela atuação de editoras universitárias
(pelo menos no que tange a trabalhos científicos e artísticos).
Cabe
ao editor sugerir alterações ao autor, com vista a ajustar o livro ao
mercado. Essas alterações podem passar pela editoração do texto, ou
pelo acréscimo de elementos que possam beneficiar a
utilização/comercialização do mesmo pelo leitor. Uma editora é composta pelo Departamento editorial, de produção, comercial, de Marketing,
assim como vários outros serviços necessários ao funcionamento de uma
empresa, podendo variar consoante as funções e serviços exercidos pela
empresa. Na mesma trabalham os editores, revisores, gráficos e designers,
capistas, etc. Uma editora não é necessariamente o produtor do livro,
sendo que quase sempre essa função de reprodução mecânica de um original
editado é feita por oficinas gráficas em regime de prestação de
serviço. Dessa forma, o trabalho industrial principal de uma editora é
confeccionar o modelo de livro-objeto, trabalho que se dá através dos
processos de edição e composição gráfica/digital.
A fase de produção do livro é composta pela impressão (posterior à imposição e montagem em caderno - hoje em dia digital), o alceamento
e o encapamento. Podendo ainda existir várias outras funções
adicionais de acréscimo de valor ao produto, nomeadamente à capa, com a
plastificação, relevos, pigmentação, e outros acabamentos.
Terminada a edição do livro, ele é embalado e distribuído, sendo encaminhado para os diferentes canais de venda, como os livreiros, para daí chegar ao público final.
Pelo exposto acima, talvez devêssemos considerar que a categoria
livro seja a concepção de uma coleção de registros em algum suporte
capaz de transmitir e conservar noções abstratas ou valores concretos.
No início de 2007, foi noticiada a invenção e fabricação, na Alemanha,
de um papel eletrônico, no qual são escritos livros.
[editar] Livros publicados no mundo
Segunda a Google, em pesquisa do dia 9 de agosto de 2010, existem no mundo 129.864.880, quase 130 milhões de livros publicados diferentes.[1]
[editar] Classificação dos livros
Os livros atualmente podem ser classificados de acordo com seu conteúdo em duas grandes categorias: livros de leitura sequencial e obras de referência.
[editar] Obras de referência
- anuário
- bibliografia
- dicionário
- manual
- enciclopédia
- guia turístico
- livro didático
- relatório
- vade-mécum
- poesias
[editar] Cânones da literatura ocidental
Não é raro que se procure uma indicação de clássicos da literatura. Em 1994, o crítico americano Harold Bloom publicou a obra O Cânone
Ocidental, em que discutia a influência dos grandes livros na formação
do gosto e da mentalidade do ocidente. Bloom considera a tendência de
se abandonar o esforço em se criar cânones culturais nas universidades,
para evitar problemas ideológicos, problemática para o futuro da
educação.
[editar] Bibliografia
- FEBVRE, Lucien. O aparecimento do livro. São Paulo: Unesp, 1992.
- KATZENSTEIN, Ursula. A origem do livro. São Paulo: Hucitec, 1986.
- SCORTECCI, João. Guia do Profissional do Livro. São Paulo: Scortecci, 2007.
[editar] Ver também
- Projeto Gutenberg
- Tipos de encadernação industrial
- Encadernação artesanal
- Monografia
- Wikilivros - O projeto da wikimedia destinado a elaboração de livros didáticos livres e gratuitos, de forma colaborativa (wiki).
- Wikisource - O projeto da wikimedia onde são disponibilizados gratuitamente, de forma colaborativa (wiki), livros que estão em domínio público.
Referências
[editar] Ligações externas
- Câmara Brasileira do Livro
- União Brasileira de Escritores
- Biblioteca Virtual (clássicos em domínio público)
- Entrevista com Umberto Eco, sobre seu novo livro (em coautoria com Jean-Philippe de Tonnac e Jean-Claude Carrière), Não contem com o fim do livro. Por Ubiratan Brasil. Estadão, 13 de março de 2010.
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