Caprinos e Ovinos
Eles
já existiam, já estavam lá em suas formas primitivas, pré-históricas,
na era do Paleolítico Superior, lado a lado dos homens de Cró-Magnon,
raça que atingiu grande progresso material: costuravam suas roupas,
feitas com peles de animais, com agulhas de osso para se protegerem do
frio naquela era glacial. As primeiras manifestações religiosas também
tiveram origem nesta época. Os homens das cavernas entendiam a pintura
como um apelo mágico. Então, quando pintavam certos tipos de animais,
em cenas de caça, significava o desejo de obter alimento, por exemplo.
No
neolítico, com a diminuição do frio, em virtude do declínio da
glaciação, mudaram as condições de vida: o homem, de caçador e coletor,
aprendeu a lidar com a terra e a domesticar animais. Mais tarde, em
busca de mais alimentos e ou novas terras, o homem percorreu distâncias
consideráveis, numa terra cheia de barreiras naturais; e na longa e
dura jornada, os animais que os seguiam deviam ser fortes e
resistentes. E lá se foram eles se dividindo, se difundindo pelo mundo
todo. Quando encontraram um lugar apropriado para se estabelecer
deixavam a sua condição de nômades para sedentários. Os animais, já
domesticados, lhes serviam como alimento, para serviços no transporte
de cargas e arado. Até mesmo seus excrementos serviam como adubo para a
terra.
Antes
mesmo da criação do mundo cristão, dos hebreus, o povo egípcio já
explicava a origem do universo, e de acordo com este tal relato
acreditava-se que no início só existia o oceano. Então Amon-Rá, o Sol,
surgiu de uma flor-ovo (que seria uma flor-de-lótus) sobre a
superfície das águas, representado na forma de um carneiro de chifres
curvos (símbolo das forças reprodutoras) e teria criado o mundo e o
gênero humano. No final da vida humana, todos seguiriam/seguiam o
caminho do “Sol”, até o reino os mortos, na misteriosa região abaixo do
horizonte ocidental. Suas almas tomavam a forma de Ba, um carneiro de
chifres horizontais e entravam na Barca de Amon, que os atravessava no
Duat (o reino das doze horas noturnas) em direção a Amenti, a região
funérea, e lá seriam julgados de acordo com o “livro-dos-mortos”.
Na
Babilônia, bodes e cabras aparecem talhadas em pedras, na companhia de
Ishtar, a deusa do amor, da guerra e da fertilidade. Os seus
sacerdotes só poderiam usar vestimentas feitas com a pele destes
animais, tal a importância venerável dos tais caprinos. Quanto ao povo
hebreu, no Velho Testamento, Pai Jacó associou à tribo de seu filho
Neftali o signo de Capricórnio, quando o comparou a um “antílope”
veloz. Na Grécia, a cabra... o bode também fora divinizado, na figura
de Pã: divindade campestre protetor dos pastores e ligado à
fertilidade. Os gregos acreditavam que ele percorria a floresta e os
bosques tocando uma flauta, e ao meio dia, ao repousar, qualquer
intruso que o importunasse em seus domínios seriam perseguidos, gerando
o terror “pânico”. Dizem que sonhar com ele é um bom presságio, um
prenuncio de boas risadas. Semelhante a este mito, temos no Brasil o
Anhangá no Amazonas, o demônio da grande floresta verde tropical.
Foi
observando as brincadeiras e lutas de marradas que o aríete ou ariete
foi idealizado pelos romanos. O tal instrumento, uma tora de madeira
com uma cabeça de carneiro de ferro na ponta, servia para atacar as
muralhas e destruí-las em combate; assim aumentaram seus domínios,
conquistados na ‘marra’. Ainda na cultura romana, o deus grego Pã foi
associado à Baco, símbolo da luxúria exibida. Tempos mais tarde,
Pã-Baco tornou-se uma figura demoníaca, uma vez que atentava contra a
moral e os bons costumes. Mas, um dia, os caprinos perderam, para
outros deuses, a condição divina, de vida eterna. Agora, poderiam ter
suas vidas ceifadas, antes mesmo do primeiro ano de vida.
O
sacrifício de animais tem origem baseada na história da criação do
mundo pelas divindades gregas. Os homens teriam sido criados por
Prometeu, contra a vontade de Zeus (o pai dos deuses). Então, para
garantir a vida humana, teriam que sacrificar uma outra vida, não
humana. Anos depois, passou-se a acreditar que poderiam fazer
adivinhações se examinassem as entranhas do animal sacrificado. Os
rituais de sacrifício chegaram até nossos dias, sob a forma de cultos
de magia negra no candomblé, bruxaria, nas tais “missas negras”. – Uma
crueldade!
Segundo
as crenças populares, os demônios tomam a forma de animais diversos. O
bode é a forma descrita mais conhecida. Porém, jamais poderão tomar a
forma de algum dos animais do presépio, presenciadores do nascimento do
“menino-deus”. Então, as crianças podem dormir tranqüilas, depois de
fazer uma oração e contar 100 carneirinhos.
Caprinos.
Segundo a definição do “pai dos burros” (em sentido real, literal)
são, mamíferos, herbívoros: bodes, cabras, carneiros e ovelhas. Mas na
língua do povo (patrimônio cultural), etc. e tal, é interessante saber
que: na metáfora feminina, estar “de bode” é estar “naqueles” dias; e
pode dar o maior “bode” se você não prestar atenção no que faz. E o
“Bode Iô-Iô”?! Desse falava muito, meu avô. Diz que ele adorava
passear, ir pr’um bar, bebericar. - Pode?! Uma personalidade, que só
podia ser de um lugar: do Ceará. Onde se vaia até o sol, na maior
molecagem e curtição.
Eita,
Brasil, Nordeste! Terra de homem, cabra-da-peste. São cabras valentes,
os do bando de Virgulino Lampião. São cabras vaqueiros, que ao som do
aboio tangem bois no sertão; porque, só mesmo sendo um cabra “daqueles”
pra ter tanta força e disposição. Terra de belas morenas: cabrochas,
cabritas: as “Tietas” do Agreste de Jorge Amado; e de um cabra
nordestino, Luís Gonzaga, rei do baião. E é terra de meninos danados,
como o diabo. Terra de “cabra namorador”, muito macho, sim senhor! Onde
é cabreiro, homem muito esperto. Onde é cabrão, o homem de maus modos.
Onde pé-de-cabra também é instrumento de ladrão.
E
os caprinos do céu, os santos, o que dirão?! As nuvens que pastam,
tangidas pelo vento - pastora os carneirinhos, São João! E aquela
constelação?!... Sabia que uma cabra visitou Buda, antes dele morrer? -
Ou terá sido um carneiro? Sabia que Maomé , depois de ficar órfão
ganhou a vida como pastor? E sabia que Moisés e São Pedro são do signo
de carneiro? Arianos. E que Jesus Cristo é do signo de Cabra?
Capricorniano - é. “O Cordeiro imolado”.
O que morreu na cruz, como um bode expiatório, para a remissão dos nossos pecados.
Li, uma vez, quando criança, o Apocalipse de João: falava de um cordeiro, digno de louvação;
que bastava abrir um livro para ter início os dias de “danação”
Esse
mundo é mesmo fantástico. Escute aí: se um carneiro foi um deus-faraó,
no Egito Antigo: Amon; por que um bode não pode ser o rei da Caatinga,
do Sertão ou não poderia ser eleito vereador, que nem o tal Bode
Iô-Iô?! E quando se fala em gado, só são lembrados bois e vacas. Mas,
também há o gado caprino, ovino, entre outros. Existe até o “gado
humano”, daquela música do Zé Ramalho – vida de gado. E na Índia, a
vaca pode até ser sagrada, mas o signo regente é o da cabra - mas que
piada!
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