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domingo, 21 de setembro de 2014

O SERTÃO BRASILEIRO NA LITERATURA DO SÉCULO XX



Baseado no trabalho de Ivone Cordeiro Barbosa[1], Sertão: um lugar incomum – o sertão do Ceará na literatura do século XVI, este trabalho tem como finalidade complementar, continuar os estudos / e / as pesquisas sobre o sertão de uma forma mais abrangente, desta vez retratando o sertão nordestino como um todo, na literatura do século XX
           
            O século XX, na Literatura brasileira, tem início / se inicia com o Pré- Modernismo




O PRÉ-MODERNISMO NO BRASIL
Foi o pensador e crítico literário Alceu Amoroso Lima, pseudônimo, TRISTÃO DE ATAÍDE, com a obra Contribuição a história do Modernismo, propôs o termo? Pré-Modernismo que antecipa idéias e práticas modernistas.
A poesia apresenta correntes ligadas ao Parnasianismo e ao Simbolismo.
Na prosa de ficção é evidente id´rias do Realismo-Naturalismo, os autores regionalistas se destacam, como os gaúchos Simões Lopes Neto e Alcides Maia.
O Pré-Modernismo é a época do nacionalismo temático:crítico e contestador.Os tipos humanos marginalizados ganharam espaços nas obras literárias.Alguns autores optaram pela poetizaçao da linguagem científica, outros preferiram o uso de regionalismos.


EUCLIDES DA CUNHA em OS SERTÕES, revela a interpretação da realidade nacional, tendo como inspiração seu trabalho jornalístico em Canudos.
OUTRAS OBRAS:Contrastes e Confrontos, Relatório sobre o Alto Purus e Peru versus Bolívia.

LIMA BARRETO
No estilo simples fez uma literatura militante, criou alguns personagens que se tornaram símbolo de comportamento e valores sociais, como Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos.
OBRAS:Triste fim de Policarpo Quaresma, Numa e Ninfa, Clara dos Anjos, Recordação do escrivão Isaías Caminha, Vida e Morte de M.J.Gonzaga de ´Sá.

MONTEIRO LOBATO
Considerado um contista regionalista , escritor combativo de literatura militante, apresentou a realidade social e mental do chamado Jeca Tatu.
Foi o mais importante escritor da literatura infantil brasileira.
OBRAS: Urupês, Cidades Mortas, Negrinha.
Sítio do Picapau Amarelo, Reinações de Narizinho, Viagem ao Céu, Memórias de Emília, O Minotauro, entre outros.

OUTROS AUTORES DO PRÉ-MODERNISMO
GRAÇA ARANHA (Canaã)
JOSE MARIA TOLEDO MALTA

AUGUSTO DOS ANJOS
Combina elementos parnasianos, simbolistas e expressionistas: preocupação formal, musicalidade, exagero e deformação expressivos.
Sua poesia é forte, chocante, agressiva, comunica-nos a angústia da falta de sentido à vida na decomposição e aniquilamento da carne.
EU, foi uma de suas obras, mais tarde passou a chamar-se Eu e outras poesias.

O MODERNISMO BRASILEIRO
O contato de alguns jovens intelectuais brasileiros com as Vanguardas Européias provocou a renovação da estética que eclodiu na SEMANA DA ARTE MODERNA,em 1922.Vista por alguns críticos como um evento mundano.
Os escritores da chamada fase heróica ou de ruptura do modernismo apresentam alguns pontos comuns:
*ataque às formas acadêmicas de arte
*defesa intransigente da liberdade de criação
*aprofundamento da investigação crítica da cultura e realidade nacionais.
*valorização da língua falada e de suas formas de recurso literário

MARIO DE ANDRADE
Sua obra baseada na exploração de formas, temas e vocabulário de origem folclórica, popular e regional, preocupada com questões sociais do país e do mundo.
OBRAS:Paulicéia Desvairada, O losango Cáqui, Clã do Jabuti, Amar , verbo Intransitivo, Macunaíma.
Sobre crítica literária Mário publicou:?A escrava que não é Isaura?.

OSWALD DE ANDRADE
Sua obra tem visão crítica e bem humorada da cultura brasileira, um exemplo disso está na poesia ?Pau Brasil?, uma poesia de ?exportação?, capaz de explicitar as marcas da nossa brasilidade.
OBRAS:Os Condenados, Memórias sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande, Marco Zero Ie Manifesto Antropófago.

MANUEL BANDEIRA
Bandeira tornou-se um clássico entre os modernistas, explorou a riqueza expressiva da linguagem antiacadêmica e as possibilidades rítmicas do verso livre à perfeição.
OBRAS:Cinza das Horas, Carnaval, O Ritmo Dissoluto, Libertinagem,Estrela da manhã,Belo belo, Opus.
Itinerário de Pasárgada- espécie de auto- biografia.

ANTONIO DE ALCANTARA MACHADO
Seu livro de contos Brás, Bexiga e Barra Funda é sua principal obra.



SEGUNDA GERAÇÃO DO MODERNISMO NO BRASIL
A prosa de ficção
Um dos mais importantes romancistas dessa época foi José Lins do Rego.
A prosa de ficção da segunda geração modernista teve duascorrentes:
Dos ficcionistas ou regionalistas e a dos ficcionistas psicologizantes
ou intimistas.
O pré-modernismo (ou ainda estética impressionista[1]) foi um período literário brasileiro[2], que marca a transição entre o parnasianismo e simbolismo e o movimento modernista seguinte. Em Portugal, o pré-modernismo configura o movimento denominado saudosismo [3].
O termo pré-modernismo parece haver sido criado por Tristão de Athayde, para designar os "escritores contemporâneos do neo-parnasianismo, entre 1910 e 1920", no dizer de Joaquim Francisco Coelho[4]
Índice
[editar] Contexto histórico
Pontos de conflito no Brasil pré-modernista.
Para os autores, o momento histórico brasileiro interferiu na produção literária, marcando a transição dos valores estéticos do século XIX para uma nova realidade que se desenhava, essencialmente pautado por uma série de conflitos como o fanatismo religioso do Padre Cícero e de Antônio Conselheiro e o cangaço, no Nordeste, as revoltas da Vacina e da Chibata, no Rio de Janeiro, as greves operárias em São Paulo e a Guerra do Contestado (vide mapa); além disso a política seguia marcadamente dirigida pela oligarquia rural, o nascimento da burguesia urbana, a industrialização, segregação dos negros pós-abolição, o surgimento do proletariado e, finalmente, a imigração européia. [5]
Além desses fatos somam-se as lutas políticas constantes pelo coronelismo, e disputas provincianas como as existentes no Rio Grande do Sul entre maragatos e republicanos.[6]
[editar] Outras manifestações artísticas
A música assistiu, desde o lançamento da primeira gravação feita no país por Xisto Bahia, a uma penetração nas camadas mais elevadas de manifestações até então restritos às camadas mais populares – ritmos tais como o maxixe, toada, modinha e serenata. É o tempo em que a capital do país, então o Rio de Janeiro, assiste ao crescimento do carnaval, ao sucesso de compositores como Chiquinha Gonzaga e o nascimento do samba em sua versão recente. [5]
Na música erudita, o nome representativo foi o de Alberto Nepomuceno, de composições de “intenção nacionalista”. [5]
Na pintura, tendo como principal foco a Escola Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro, vigorava o academicismo, passando despercebida a exposição feita em 1913 pelo russo Lasar Segall. Apenas em 1917 uma forte reação à exposição de Anita Malfatti expõe o confronto que redundaria na Semana de Arte Moderna de 1922. [5] (vide, mais abaixo, texto de Monteiro Lobato sobre essa exposição).
[editar] Ambiente literário
Para além dos fatos circundantes, registra-se que ainda estão ativos autores parnasianos, como Olavo Bilac, Raimundo Correia e Francisca Júlia, e neo-parnasianos como Martins Fontes e Goulart de Andrade, dominando o cenário da Academia Brasileira de Letras. Além deles, longe da Academia, simbolistas como Emiliano Perneta e Pereira da Silva, convivem com os escritores pré-modernistas.[7]
[editar] Caracterização
Embora vários autores sejam classificados como pré-modernistas, este não se constituiu num estilo ou escola literária, dado a forte individualidade de suas obras[3], mas essencialmente eram marcados por duas características comuns:
conservadorismo - traziam na sua estética os valores parnasianos e naturalistas;
renovação - demonstravam íntima relação com a realidade brasileira e as tensões vividas pela sociedade do período[5]
Embora tenham rompido com a temática dos períodos anteriores, esse autores não avançaram o bastante para ser considerados modernos[3] - notando-se, até, nalguns casos, resistência às novas estéticas.[5]
[editar] Exceto
Num artigo publicado em 1917, Monteiro Lobato reagiu assim à exposição de Anita Malfatti, no jornal O Estado de São Paulo:
"Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas e em consequência fazem arte pura. (...) A outra espécie é formada dos que vêem anormalmente a natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos da decadência(...)"[5]
[editar] Autores e Suas Obras
Os principais pré-modernistas foram:
Euclides da Cunha, com Os Sertões, onde aborda de forma jornalística a Guerra de Canudos; a obra, dividida em três partes (A Terra, O Homem e A Luta), procura retratar um dos maiores conflitos do Brasil.[5] O sertão baiano, onde se deram as lutas, era um ambiente praticamente desconhecido dos grandes centros, e as lutas marcaram a vida nacional: o termo favela, que tornou-se comum depois, designava um arbusto típico da caatinga, e dava nome a um morro em Canudos[8].
Graça Aranha, com Canaã, retrata a imigração alemã para o Brasil.[5]
Lima Barreto, que faz uma crítica da sociedade urbana da época, com Triste Fim de Policarpo Quaresma e Recordações do Escrivão Isaías Caminha;[5]
Monteiro Lobato, com Urupês e Cidades Mortas, retrata o homem simples do campo numa região de decadência econômica;[5]
Augusto dos Anjos que, segundo alguns autores, trazia elementos pré-modernos.[3], embora no aspecto linguístico tenda para o realismo-naturalismo, em seus Eu e Outras Poesias[7]
Outros autores:
Figuram como escritores desse período, embora guardem no estilo mais elementos das escolas precedentes, autores como Afonso Arinos, Alcides Maya e Coelho Neto[9]. Este último, ao lado de Afrânio Peixoto, tendia a uma visão da literatura como simples ornato social e cultural. Raul de Leoni pode ser, também, tido como pré-modernista, mas o seu Luz Mediterrânea tende ao Simbolismo.[7]
[editar] Galeria
Euclides da Cunha
Monteiro Lobato
Simões Lopes Neto
Lima Barreto



Pré-Modernismo
Introdução
   A realização deste trabalho tem como objetivo mostrar os fatos, ocorrências, conseqüências de um dos períodos da nossa Literatura, o Pré-Modernismo.
   Tentaremos mostrar claramente, com a melhor das intenções, os fatos e características de tal assunto, e também através da realização deste trabalho, procuraremos tirar o maior proveito para o nosso aprendizado, buscando colher mais informações úteis que sejam satisfatórias para que por meio da pesquisa, nós possamos engrandecer o nosso conhecimento.

Pré-Modernismo
   O pré-modernismo deve ser situado nas duas décadas iniciais deste século, até 1922, quando foi realizada a Semana da Arte Moderna. Serviu de ponte para unir os conceitos prevalecentes do Realismo, Naturalismo, Parnasianismo e Simbolismo.
   O pré-modernismo não foi uma ação organizada nem um movimento e por isso deve ser encarado como fase.
   Não possui um grande número de representantes mas conta com nomes de imenso valor para a literatura brasileira que formaram a base dessa fase.
   O pré-modernismo, também conhecido como período sincrético. Os autores embora tivessem cultivado formalismos e estilismos, não deixaram de mostrar inconformismo perante suas próprias consciências dos aspectos políticos e sociais, incorporando seus próprios conceitos que abriram o caminho para o Modernismo.
   Essa foi uma fase de uma grande transição que nos deixou grandes jóias como Canaã de Graça Aranha; Os Sertões de Euclides da Cunha; e Urupês de Monteiro Lobato.
   O que se convencionou em chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma escola literária, ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária que caracterizaria os primeiros vinte anos deste século. Aí vamos encontrar as mais variadas tendências e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalismo, outros preocupados com uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente inovadoras.
   Por apresentarem uma obra significativa para uma nova interpretação de realidade brasileira, bem como pelo valor estilístico, limitaremos o Pré-Modernismo ao estudo de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. Assim, abordaremos o período que se inicia em 1902 com a publicação de dois importantes livros - Os sertões, de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha - e se estende até o ano de 1922, com a realização da Semana da Arte Moderna.

Momento Histórico
   Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana: com a posse do paulista Prudente de Morais, primeiro presidente civil, inicia-se a "República do café-com-leite", dos grandes proprietários rurais, em substituição a "República da Espada" (governos do marechal Deodoro e do marechal Floriano). É a áurea da economia cafeeira no Sudeste; é o movimento de entrada de grandes levas de imigrantes, notadamente os italianos; é o esplendor da Amazônia com o ciclo da borracha; é o surto de urbanização de São Paulo.
   Mas toda esta prosperidade vem deixar cada vez mais claros os fortes contrastes da realidade brasileira. É, também, o tempo de agitações sociais. Do abandono do Nordeste partem os primeiros gritos da revolta. Em fins do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é o palco de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso "Padim Ciço"; em todo o sertão vive-se o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lampião.
   O Rio de Janeiro assiste, em 1904, a uma rápida mais intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, tratava-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra importante rebelião, desta vez dos marinheiros liderados por João Cândido, o "almirante negro", contra o castigo corporal, conhecida como a "Revolta de Chibata". Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalhadoras sob a orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.
   Essas agitações são sintomas de crise na "República do café-com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana da Arte Moderna.

Características
   Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma escola literária, apresentando individualidades muito fortes, com estilos às vezes antagônicas - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e Lima Barreto -, podemos perceber alguns pontos em comum entre as principais obras pré-modernistas:
  Apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, apresentando uma ruptura com o passado, com o academismo; a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteadas de palavras "não poéticas" como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta à poesia parnasiana ainda em vigor;
a denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado de Romantismo e Parnasianismo; o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo;
o regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito do Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto;
os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos;
uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção.

Autores
Lima Barreto
   Lima Barreto participa da época do Simbolismo (Fim do Século XIX ao começo do Século XX), sendo uns dos Autores do Pré-Modernismo, seja em Portugal ou no Brasil (prosa).
   Escritor brasileiro, nascido em 1881 e falecido em 1922 no Rio de Janeiro. De origem humilde, mestiço, não conseguiu, pela pobreza e condições modestas, completar o curso de engenharia iniciado, passando a funcionário da Secretaria da Guerra. Construiu, a partir de então, uma obra de romancista que figura entre as mais significativas das letras brasileiras. Seu livro de estréia. Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), romance à clef, teve grande êxito, o que deveu à circunstância de retratar a vida de um grande jornal da época, satirizando certos personagens, de identidade evidente, e que ocupavam os primeiros postos da imprensa ou das letras. Esse livro foi uma amostra do que constituiria a característica da obra do romancista, utilizada como válvula de escape a um temperamento de inconformado.
A crítica social foi, assim, o núcleo dessa obra, de acordo com os cânones da estética naturalista, praticando, como mostrou Eugênio Gomes, a literatura em função do jornalismo e do panfleto, extravasando as suas amarguras, revoltas e decepções. Daí decorre um prejuízo para a obra romanesca, não completamente realizada, quaisquer que sejam as qualidades inegáveis que se têm de reconhecer nela. Além do primeiro, escreveu os romances Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915), Numa e a Ninfa (1915) , Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919), Clara dos Anjos (1948),além dos contos reunidos no volume Histórias e Sonhos (1920), e da colaboração para a imprensa em artigos excelentes, enfeixados no livro Bagatelas (1923).
   O mesmo talento e o mesmo ingrediente humano e pessoal entraram na confecção dessas obras: uma herança neurótica, os ressentimentos, os desregramentos, a diplomacia, o recalque contra a sociedade que o desdenhou, o instinto revolucionário e de reforma social. A mistura de invectiva, ironia, sátira, pessimismo, vai reencontrar-se em: 
Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá
   Livro feito de conversas entre o personagem e um interlocutor, através de perambulações pelas ruas, satirizando os ridículos dos doutores burocratas.
Triste Fim de Policarpo Quaresma
   É a história de um burocrata humilde, através da qual ele traça o quadro da "alta sociedade suburbana", que põe em contraste com a dos bairros aristocráticos.
Numa e a Ninfa
   É uma sátira à vida política da época, com tipos e costumes retratados segundo a luneta deformadora do romancista.
Clara dos Anjos
   Iniciado desde 1904 e submetido a várias transformações, é uma tentativa de fixar a vida suburbana carioca.
   Em todos os seus romances, e em muitos dos seus contos (alguns dos quais, como "O Homem que sabia Javanês", colocam-se entre as obras-primas do conto brasileiro), Lima Barreto especializou-se na pintura dos humildes, a gente do povo, a classe dos burocratas espezinhados, mestiços, suburbanos, com uma ternura e um senso de fraternidade que o colocam entre os maiores ficcionistas de veia popular e social do Brasil. A valorização crítica de sua obra romanesca deveu-se sobretudo aos escritores inspirados na estética modernista, em reação contra os cânones da chamada arte pela arte. Mesmo sem aceitar essa formulação polêmica, há que reconhecer o valor de sua contribuição.

Conclusão
   No decorrer da realização deste trabalho, as intenções de alcançar sua perfeição foram as melhores possíveis.
   Através dele pudemos entender e compreender diversas fases e acontecimentos de nossa literatura.
   Ao concluir a realização deste trabalho, foi imensa, a minha satisfação pelo conhecimento adquirido, tendo certeza, que tais acontecimentos, é de suma importância para a continuidade de nossa história.
O que se convencionou chamar de Pré-Modernismo, no Brasil, não constitui uma "escola literária", ou seja, não temos um grupo de autores afinados em torno de um mesmo ideário, seguindo determinadas características. Na realidade, Pré-Modernismo é um termo genérico que designa uma vasta produção literária que abrangeria os primeiros 20 anos deste século. Aí vamos encontrar as mais variadas tendências e estilos literários, desde os poetas parnasianos e simbolistas, que continuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvolver um novo regionalismo, além de outros mais preocupados com uma literatura política e outros, ainda, com propostas realmente inovadoras.

Por apresentarem uma obra significativa para uma nova interpretação da realidade brasileira e por seu valor estilístico, limitaremos o Pré-Modernismo ao estudo de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos. Assim, abordaremos o período que se inicia em 1902 com a publicação de dois importantes livros - Os sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha - e se estende até o ano de 1922, com a realização da Semana de Arte Moderna.

A literatura brasileira atravessa um período de transição nas primeiras décadas do século XX. De um lado, ainda há a influência das tendências artísticas da segunda metade do século XIX; de outro, já começa a ser preparada a grande renovação modernista, que se inicia em 1922, com a Semana de Arte Moderna. A esse período de transição, que não chegou a constituir um movimento literário, chamou-se Pré-Modernismo.

Nas duas primeiras décadas do século, nosso país passou por várias transformações que apontavam para uma modernização de nossa vida política, social e cultural.

Politicamente, vivia-se o período de estabilização do regime republicano e a chamada "política do café-com-leite", com a hegemonia de dois Estados da federação: São Paulo, em razão de seu poder econômico, e Minas Gerais, por possuir o maior colégio eleitoral do país.

Embora não tivesse absorvido toda a mão-de-obra negra disponível desde a Abolição, o país recebeu nesse período um grande contingente de imigrantes para trabalhar na lavoura do café e na indústria.

Os imigrantes italianos, que se concentraram na indústria paulista, trouxeram consigo idéias anarquistas e socialistas, que ocasionaram o aparecimento de greves, de crises políticas e a formação de sindicatos.

Do ponto de vista cultural, o período foi marcado pela convivência entre várias tendências artísticas ainda não totalmente superadas e algumas novidades de linguagem e de ideologia. Esse período, que representou um verdadeiro cruzamento de idéias e formas literárias, é chamado de Pré-Modernismo.

As novidades

Embora os autores pré-modernistas ainda estivessem presos aos modelos do romance realista-naturalista e da poesia simbolista, ao menos duas novidades essenciais podem ser observadas em suas obras:

interesse pela realidade brasileira: os modelos literários realistas-naturalistas eram essencialmente universalizantes. Tanto na prosa de Machado de Assis e Aluísio Azevedo quanto na poesia dos parnasianos e simbolistas, não havia interesse em analisar a realidade brasileira. A preocupação central desses autores era abordar o homem universal, sua condição e seus anseios. Aos escritores pré-modernistas, ao contrário, interessavam assuntos do dia-a-dia dos brasileiros, originando-se, assim, obras de nítido caráter social. Graça Aranha, por exemplo, retrata em seu romance Canaã a imigração alemã no Espírito Santo; Euclides da Cunha, em Os sertões, aborda o tema da guerra e do fanatismo religioso em Canudos, no sertão da Bahia; Lima Barreto detém-se na análise das populações suburbanas do Rio de Janeiro; e Monteiro Lobato descreve a miséria do caboclo na região decadente do Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo. A exceção está na poesia de Augusto dos Anjos, que foge a esse interesse social.

a busca de uma linguagem mais simples e coloquial. embora não se verifique essa preocupação na obra de todos os pré-modernistas, ela é explícita na prosa de Lima Barreto e representa um importante passo para a renovação modernista de 1922. Lima Barreto procurou "escrever brasileiro", com simplicidade. Para isso, teve de ignorar muitas vezes as normas gramaticais e de estilo, provocando a ira dos meios acadêmicos conservadores e parnasianos.

Contexto histórico

Enquanto a Europa se prepara para a Primeira Guerra Mundial, o Brasil começa a viver, a partir de 1894, um novo período de sua história republicana. Os dois primeiros presidentes do Brasil, após a proclamação da República, eram militares: o marechal Deodoro da Fonseca e o marechal Floriano Peixoto. O primeiro presidente civil, o paulista Prudente de Morais, tomou posse em 1894. Com ele, teve início uma alternância de poder conhecida como "café-com-leite", que se manteve durante as três primeiras décadas do século XX. A expressão designa a política estabelecida, mediante acordo tácito, pelos estados de São Paulo e Minas Gerais. A economia do primeiro baseava-se na cultura e exportação do café; a de Minas Gerais, na produção de café e de laticínios.

O advento da República acentuou ainda mais os contrastes da sociedade brasileira: os negros, recém-libertados, marginalizaram-se; os imigrantes chegavam em razoável quantidade para substituir a mão-de-obra escrava,- surgia uma nova classe social: o proletariado, camada social formada pelos assalariados.

Resumindo: de um lado, ex-escravos, imigrantes e proletariado nascente; de outro, uma classe conservadora, detentora do dinheiro e do poder. Mas toda essa prosperidade vem acentuar cada vez mais os fortes contrastes da realidade brasileira

Da tensão entre esses dois pólos sociais resultou, direta ou indiretamente, um panorama nada tranqüilo, época de agitações sociais. Do abandonado Nordeste partem os primeiros gritos de revolta: no final do século XIX, na Bahia, ocorre a Revolta de Canudos, tema de Os sertões, de Euclides da Cunha; nos primeiros anos do século XX, o Ceará é palco de conflitos, tendo como figura central o padre Cícero, o famoso "Padim Ciço"; o sertão vive o tempo do cangaço, com a figura lendária de Lampião.

Em 1904, o Rio de Janeiro assiste a uma rápida mas intensa revolta popular, sob o pretexto aparente de lutar contra a vacinação obrigatória idealizada por Oswaldo Cruz; na realidade, trata-se de uma revolta contra o alto custo de vida, o desemprego e os rumos da República. Em 1910, há outra importante rebelião, dessa vez dos marinheiros, liderados por João Cândido, o "almirante negro", conhecida corno Revolta da Chibata, contra o castigo corporal. Ao mesmo tempo, em São Paulo, as classes trabalhadoras, sob orientação anarquista, iniciam os movimentos grevistas por melhores condições de trabalho.

Embora as tensões sociais explodissem em focos diversos, a riqueza do país aumentava cada vez mais: a economia cafeeira no Sudeste atingia seu período áureo, assim como a cultura e a comercialização da borracha na Amazônia.

A rápida urbanização de São Paulo é um índice da riqueza do país, concentrada na mão dos poucos indivíduos que compunham a elite.

Foi nesse contexto, aqui rapidamente delineado, que surgiram mudanças na arte brasileira. Essas agitações são sintomas da crise na "Republicado café-com-leite", que se tornaria mais evidente na década de 1920, servindo de cenário ideal para os questionamentos da Semana de Arte Moderna.

Características

Apesar de o Pré-Modernismo não constituir uma "escola literária", apresentando individualidades muito fortes, com estilos — às vezes antagônicos — como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, podemos perceber alguns pontos comuns às principais obras pré-modernistas:

Apesar de alguns conservadorismos, o caráter inovador de algumas obras, que representa uma ruptura com o passado, com o academismo; a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteada de palavras "não-poéticas", como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta a. poesia parnasiana ainda em vigor. Lima Barreto ironiza tanto os escritores "importantes" que utilizavam uma linguagem pomposa quanto os leitores que se deixavam impressionar: "Quanto mais incompreensível é ela (a linguagem), mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que não lhe entenderam o escrito" (Os bruzundangas).

A denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado do Romantismo e do Parnasianismo; o Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo.
regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste com Euclides da Cunha; o vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto.
Os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos.
Uma ligação com fatos políticos, econômicos o sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção. São exemplos: Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto (retrata o governo de Floriano e a Revolta da Armada), Os sertões, de Euclides da Cunha (um relato da Guerra de Canudos), Cidades mortas, de Monteiro Lobato (mostra a passagem do café pelo vale do Paraíba paulista), e Canaã, de Graça Aranha (um documento sobre a imigração alemã no Espírito Santo).

Como se observa, essa "descoberta do Brasil" é a principal herança desses autores para o movimento modernista, iniciado em 1922.

O Pré-Modernismo é uma fase de transição e, por isso, registra :

Um traço conservador

A permanência de características realistas/naturalistas, na prosa, e a permanência de um poesia de caráter ainda parnasiano ou simbolista.

Um traço renovador

Esse traço renovador — como ocorreu na música — revela-se no interesse com que os novos escritores analisaram a realidade brasileira de sua época: a literatura incorpora as tensões sociais do período. O regionalismo — nascido do Romantismo — persiste nesse momento literário, mas com características diversas daquelas que o animaram durante o Romantismo. Agora o escritor não deseja mais idealizar uma realidade, mas denunciar os desequilíbrios dessa realidade. Esse tom de denúncia é a inovação nessa tentativa de "pintar" um retrato do Brasil. Além disso, dois dos mais importantes escritores da época — Lima Barreto e Monteiro Lobato — deixaram claro sua intenção de escrever numa linguagem mais simples, que se aproximasse do coloquial.

Na maior parte da obras pré-modernistas é imediata a relação entre o assunto e a realidade contemporânea ao escritor:

Em Triste fim de Policarpo Quaresma, romance mais importante de Lima Barreto, o escritor denunciou a burocracia no processo político brasileiro, o preconceito de cor e de classe e incorporou fatos ocorridos durante o governo do Marechal Floriano.
Em Os Sertões, Euclides da Cunha fez a narrativa quase documental da Guerra de Canudos.
Em Canaã, Graça Aranha analisa minuciosamente os problemas da fixação dos imigrantes em terras brasileiras.
Em Urupês e Cidades mortas, Monteiro Lobato destaca a decadência econômica dos vilarejos e da população cabocla do Vale do Paraíba, durante a crise do café.
Na poesia, o único poeta importante a romper com o bem-comportado vocabulário parnasiano foi Augusto dos Anjos.

Pré-Modernismo (fim séc. XIX e início XX)

Índice

"Não há um só homem de coração bem formado que não se sinta confrangido ao contemplar o doloroso quadro oferecido pelas sociedades atuais com sua moral mercantil e egoísta"


--Euclides da Cunha
Esta época apresenta, na literatura, um entrecruzar de várias correntes estéticas. Por um lado, tem-se a queda da proposta realista-naturalista-parnasiana, e de outro uma afirmação da poesia simbolista. Na mesma época, então, vai surgir uma prosa de ficção que, ligada à tradição realista, vai revelar criticamente as tensões da sociedade brasileira.
Não pode ser considerada uma escola literária, mas sim um período literário de transição para o Modernismo.

Referências históricas

·         Bahia - Rev. de Canudos
·         Nordeste - Ciclo do Cangaço
·         Ceará - milagres de Padre Cícero gerando clima de histeria fanático-religiosa
·         Amazônia - Ciclo da Borracha
·         Rio de Janeiro - Revolta da Chibata (1910)
·         revolta contra a vacina obrigatória (varíola) - Oswaldo Cruz
·         república do café-com-leite (grandes proprietários rurais)
·         imigrantes, notadamente os italianos
·         surto de urbanização de SP - greves gerais de operários (1917)
·         contrastes da realidade brasileira - Sudeste em prosperidade e Nordeste na miséria
·         Europa prepara-se para a 1ª GM - tempo de incertezas

Características

Na prosa, tem-se Euclides da Cunha, Graça Aranha, Lima Barreto e Monteiro Lobato que se posicionam diante dos problemas sociais e culturais, criticando o Brasil arcaico e negando o academicismo dominante. Na poesia, Augusto dos Anjos modifica o Simbolismo, injetando-lhe traços expressionistas e revelando uma visão escatológica (cenas de fim do mundo) da vida.
Quanto às características, percebe-se um individualismo muito forte, ainda assim pode-se destacar alguns pontos de aproximação desses autores.
·         ruptura com o passado, principalmente em Augusto dos Anjos que afronta a poesia parnasiana ainda em vigor
·         denúncia da realidade brasileira, mostrando o Brasil não oficial do sertão, dos caboclos e dos subúrbios
·         regionalismo N e NE com Euclides; Vale do Paraíba e interior paulista com Lobato; ES com Graça Aranha e subúrbio carioca com Lima Barreto
·         tipos humanos marginalizados (sertanejo, nordestino, mulato, caipira, funcionário público)
·         apresentação crítica do real na ficção

Autores

Augusto dos Anjos (1884/1914)

Formou-se em direito, mas foi sempre professor de Literatura. Nervoso, misantropo e solitário, este possível ateu morreu de forte gripe antes de assumir um cargo que lhe daria mais recursos.
Publicou apenas um único livro de poesias, Eu, mais tarde reeditado como Eu e outras poesias. Sua obra é cientificista, profundamente pessimista. Sua visão da morte como o fim, o linguajar e os temas usados por muitos são considerados como sendo de mau gosto, mas caracterizam sua poesia como única na literatura brasileira.
"Já o verme — este operário das ruínas — / Que o sangue podre das carnificinas / Come e à vida em geral declara guerra,"
Trabalhou, assim como parnasianos e simbolistas, com sonetos e verso decassílabo. Sua visão de mundo e a interrogação do mistério da existência e do estar-no-mundo marcam esta nova vertente poética. Há uma aflição pessoal demonstrada com intensidade dramática, além do pessimsmo. Constância da morte, desintegração e os vermes.
"A passagem dos séculos me assombra. / Para onde irá correndo minha sombra / Nesse cavalo de eletricidade?! / Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem? / E parece-me um sonho a realidade."
Obra Principal:
·         Poesias - Eu (1912)

Versos Íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!


--Augusto dos Anjos

Euclides da Cunha (1866/1909)

Exerceu a função de engenheiro civil no meio militar. Foi membro da ABL, do Instituto Histórico e catedrático em Lógica pelo Colégio Dom Pedro II. Viajou muito e escreveu Os Sertões pela experiência própria de ter testemunhado a Guerra de Canudos como correspondente jornalístico. Envolvido num grande escândalo familiar, foi assassinado em duelo pelo amante da esposa.
Positivista, florianista e determinista, é seu estilo pessoal e inconformismo caracterizam-no como um pré-modernista. Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o subdesenvolvimento do país, diagnosticando os 2 Brasis (litoral e sertão).
As passagens a seguir provém de Os Sertões, sendo cada uma de uma parte da obra.
"Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante..." A Terra
"Porque não no-los separa um mar, separam-no-los três séculos..." O Homem
"E volvendo de improviso às trincheiras, volvendo em corridas para os pontos abrigados, agachados em todos os anteparos [...] os triunfadores, aqueles triunfadores memorados pela História, compreenderam que naquele andar acabaria por devorá-los, um a um, o último reduto combatido. Não lhes bastavam seis mil Mannlichers e seis mil sabres; e o golpear de doze mil braços [...] e os degolamentos, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de canhoneio contínuo; e o esmagamento das ruínas; e o quadro indefinível dos templos derrocados; e por fim, na ciscalhagem das imagens rotas, dos altares abatidos, dos santos em pedaços - sob a impassibilidade dos céus tranqüilos e claros - a queda de um ideal ardente, a extinção absoluta de uma crença consoladora e forte..." A Luta
Obras principais:
·         Os Sertões (1902)
·         Constrastes e Confrontos (1906)
·         Peru Versus Bolívia (1907)
·         Castro Alves e seu Tempo (1908)
·         À Margem da História (1909)
·         Canudos: Diáro de uma Expedição (1939)

Graça Aranha (1866/1931)

Aluno de Tobias Barreto, seguiu a carreira diplomática depois de ser juiz no Maranhão e no Espírito Santo. Participou ativamente do movimento modernista, como doutrinador. Colaborou na fundação da ABL (mesmo sem ter livro publicado) e da Semana de Arte Moderna de 22, por isso sendo considerado por muitos um modernista. Não é considerado modernista porque sua única obra "modernista", A viagem maravilhosa, é feita em um estilo extremamente artificial. Morreu logo antes de publicar sua autobiografia, O meu próprio romance, de 1931.
"Milkau estava sereno no alto da montanha. Descobrira a cabeça de um louro de ninfa, e sobre ela, e na barba revolta, a luz do sol batia, numa fulguração de resplendor. Era um varão forte, com uma pele rósea e branda de mulher, e cujos poderosos olhos, da cor do infinito, absorviam, recolhiam docemente a visão segura do que iam passando. A mocidade ainda persistia em não o abandonar; mas na harmonia das linhas tranqüilas do seu rosto já repousava a calma da madureza que ia chegando."
"Tudo o que vês, todos os sacrifícios, todas as agonias, todas as revoltas, todos os martírios são formas errantes de Liberdade. E essas expressões desesperadas, angustiosas, passam no curso dos tempos, morrem passageiramente, esperando a hora da ressurreição... Eu não sei se tudo o que é vida tem um ritmo eterno, indestrutível, ou se é informe e transitório... Os meus olhos não atingem os limites inabordáveis do Infinito, a minha visão se confina em volta de ti [...] Eu te suplico, a ti e à tua ainda inumerável geração, abandonemos os nossos ódios destruidores, reconciliemo-nos antes de chegar ao instante da Morte..."
Obras principais:
·         Canaã (1902/romance)
·         Estética da Vida (1921/ensaio)
·         Espírito Moderno (1925/ensaio)
·         A Viagem Maravilhosa (1927/romance)

Lima Barreto (1881/1922)

Nascido de pai português e mãe escrava, era mulato e pobre. Afilhado do Visconde do Ouro Preto, conseguiu estudar e ingressar aos 15 anos na Escola Politécnica. Lá sofreu toda sorte de humilhações e preconceitos e, quando estava no 3º ano, teve de trabalhar e sustentar a família, pois o pai enlouquecera. Presta concurso para escriturário no Ministério da Guerra, permanecendo nessa modesta função até aposentar-se.
Socialista influenciado por autores russos, Lima Barreto vive intensamente as contradições do início do século, torna-se alcoólatra e passa por profundas crises depressivas, sendo internado por duas vezes. Em todos os seus romances, percebe-se traço autobiográfico, principalmente através de personagens negros ou mestiços que sofrem preconceitos.
Mostra um perfeito retrato do subúrbio carioca, criticando a miséria das favelas e dos cortiços. Posiciona-se contra o nacionalismo ufanista, a educação recebida pelas mulheres, voltada para o casamento, e a República com seu exagerado militarismo. Utiliza-se da alta sociedade para desmacará-la, desmitificá-la em sua banalidade.
Seus personagens são humildes funcionários públicos, alcoólatras e miseráveis.. Sua linguagem é jornalística e até panfletária.
Triste Fim de Policarpo Quaresma é a obra que lhe garante notoriedade. Antes de falir, o editor Monteiro Lobato publica Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá e, pela primeira vez, Barreto é bem pago por algum original.
Obras principais:
·         Romance:
o    Recordações do Escrivão Isaías Camnha (tematiza preconceito racial e crítica ao jornalismo carioca - 1909)
o    Triste Fim de Policarpo Quaresma (inicialmente publicado em folhetins - 1915)
o    Numa e Ninfa (1915)
o    Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá (1919)
o    Clara dos Anjos (1948)
·         Conto:
o    História e Sonhos (1956)
·         Sátira Política e Literária:
o    Os Bruzundangas (1923)
o    Coisas do Reino do Jambon (1956)
·         Humorismo:
o    Aventuras do Dr. Bogoloff (1912)
·         Artigos e Crônicas:
o    Feiras e Mafuás (1956)
o    Bagatelas (1956)
·         Crônicas sobre Folclore Urbano:
o    Matginália (1956)
o    Vida Urbana (1956)
·         Memórias:
o    Diário Íntimo (1956)
o    Cemitério dos Vivos (1956)

Monteiro Lobato (1882/1948)

Homem de diversas atividades (escritor, editor, relojoeiro, fazendeiro, promotor, industrial, comerciante, professor, adido comercial etc.). Tem por formação Direito e participa de grupos e jornais literários, entre eles o Minarete.
Torna-se editor com a instalação da Editora Monteiro Lobato, que traz grandes inovações para o mercado editorial brasileiro. Ainda assim, Lobato acaba falido. No ano de 1925, funda a Companhia Editora Nacional e começa a escrever sua vasta obra de literatura infantil. Isso se dá por decepção com o mundo adulto, por isso começa a investir no futuro do Brasil.
Em 1917, publica, no jornal O Estado de São Paulo, o artigo contra a pintora Anita Malfatti (estopim do Modernismo). A Propósito da Exposição Malfatti, expressa uma postura agressiva contra as novas tendências artísticas do século XX, que resultará no seu desligamento dos principais participantes da Semana de Arte Moderna de 1922. Sua crítica acalorada se dá porque ele não admitia a submissão da cultura brasileira às idéias européias, daí ser chamado de Policarpo Lobato.
Faz campanhas nacionais favor da exploração das riquezas do subsolo: petróleo e minérios. Funda a Companhia de Petróleo do Brasil, acreditando no nosso desenvolvimento e denunciando o monopólio internacional.
Aproxima-se das idéias do Partido Comunista Brasileiro. Controvertido, ativo e participante, Lobato defende a modernização do Brasil nos moldes capitalistas. Faz uma crítica fecunda ao Brasil rural e pouco desenvolvido, como no Jeca Tatu (estereótipo do caboclo abandonado pelas autoridades governamentais) do livro Urupês. Curioso é que, na quarta edição de Urupês, o autor, no prefácio, pede desculpas ao homem do interior, enfatizando suas doenças e dificuldades.
Obras principais:
·         Contos:
o    Urupês (1919)
o    Idéias de Jeca Tatu (1918)
o    Cidades Mortas (1919)
o    Negrinha (1920)
·          
o    Mundo da Lua (1923)
o    O Macaco que se Fez Homem (1923)
o    O Choque das Raças ou O Presidente Negro (1926)
·         Jornalismo:
o    A Onda Verde (1921)
o    Problema Vital (1946)
·         Epistolografia e crítica:
o    Mr. Slang e o Brasil (1929)
o    Ferro (1931)
o    América (1932)
o    Na Antevéspera (1932)
o    O Escândalo do Petróleo (1936)
o    A Barca de Gleyre (1944)
·         Literatura Infantil:
o    Reinações de Narizinho
o    Viagem ao Céu
o    O Saci
o    Caçadas de Pedrinho
o    Hans Staden
o    Histórias do Mundo para Crianças
o    Memórias de Emília
o    Peter Pan
o    Emília no País da Gramática
o    Aritmética de Emília
o    Geografia de Dona Benta
o    Serões de Dona Benta
o    História das Invenções
o    D. Quixote para as Crianças
o    O Poço do Visconde
o    Histórias de Tia Nastácia
o    O Pica-pau Amarelo
o    A Reforma da Natureza
o    O Minotauro
o    Fábulas
o    Os Doze Trabalhos de Hércules
o    O Marquês de Rabicó

Simões Lopes Neto (1865-1916)

O Capitão publicou três livros em toda a vida, todos na cidade em que nascera, Pelotas, no RS. Foram eles Cancioneiro Guasca, Lendas do Sul e Contos Gauchescos. Fez teatro e, apesar de suas obras terem sempre cunho tradicionalista, era um homem de hábitos urbanos. Acalentava grandes sonhos literários, mas seu reconhecimento só foi póstumo.
"E do trotar sobre tantíssimos rumos; das pousadas pelas estâncias dos fogões a que se aqueceu; dos ranchos em que cantou, dos povoados que atravessou; das coisas que ele compreendia e das que eram-lhe vedadas ai singelo entendimento; do pêlo-a-pêlo com os homens, das erosões, da morte e das eclosões da vida, entre o Blau - moço, militar - e o Blau - velho, paisano -, ficou estendida uma longa estrada semeada de recordações - casos, dizia -, que de vez em quando o vaqueano recontava, como quem estende no sol, para arejar, roupas guardadas ao fundo de uma arca." Contos Gauchescos
"Foi assim e foi por isso que os homens, que quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais. Não conheceram e julgando que era outra, chamam-na desde então de boitatá, cobra de fogo, boitatá, a boitatá!" Lendas do Sul
"Findava aqui o calhamaço de que a princípio se falou, quando disse que recebi em certa hora de pleno dezembro, por véspera de Natal, quando eu estava, desesperado, a abanar mosquitos (...) Apenas ao canto da página, a lápis, havia uns dizeres que custei a decifrar, e que eram estes: o 2o. Volume será o dos 'Sonhos do Romualdo'" Casos do Romualdo

Raul de Leoni (1895-1926)

Foi um autor altamente independente de seu tempo, sem filiações a movimentos literários. Amigo de Olavo Bilac, sua poesia continha muita influência parnasiana, mas também possuía características simbolistas e uma bela simplicidade misturada a preocupações filosóficas.
[Nota]
Observação
Ensaístas Alberto Torres, Manuel Bonfim e Oliveira Viana produziram estudos que se desdobraram em programas de organização sócio-política. Isto é, não só denunciaram as mazelas do Brasil da época, como também apresentaram soluções a esses problemas.
João Ribeiro passou de poeta parnasiano a crítico literário, sendo um dos primeiros a problematizar a questão da língua nacional. Atacava também a rigidez estética de simbolistas e parnasianos e proclamava a necessidade de destruição dos ídolos caducos.

Sinopse

Marco inicial = publicação dos livros Os Sertões, de Euclides da Cunha e Canaã, de Graça Aranha em 1902.
Marco final = Semana de Arte Moderna de 1922.

Textos


Fragmentos do capítulo 1 de Urupês
Nada o esperta. Nenhuma ferretoada o põe de pé. Social, como individualmente, em todos os atos da vida, antes de agir, acocora-se.
Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epítome de carne onde se resumem todas as características da espécie.
Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou, saudou. Seu primeiro movimento após prender entre os lábios a palha de milho, sacar o rolete de fumo e disparar a cusparada d’esqguicho, é sentar-se jeitosamente sobre os calcanhares. Só então destratava a língua e a inteligência. (...) De pé ou sentado as idéias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa. (...)Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
(...) Seu grande cuidado é espremer todas as conseqüências da lei do menor esforço — e nisto vai longe.
Começa na morada. Sua casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao joão-de-barro. Pura biboca de bosquímano. (...) Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três pernas — para os hóspedes. Três pernas permitem equilíbrio, inútil, portanto, meter a quarta, que ainda o obrigaria a nivelar com o chão. Para que assentos, se a natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares sobre os quais se sentam?
Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo — colher, garfo e faca a um tempo?
(...) Seus remotos avós não gozaram de maiores comodidades. Seus netos não meterão quarta perna ao banco. Para quê? Vive-se bem sem isso. (...) Remendo... Para quê? Se uma casa dura dez anos e faltam “apenas” nove para que ele abandone aquela? Esta filosofia economiza reparos. (...) Todo o inconsciente filosofar do caboclo grulha nessa palavra atravessada de fatalismo e modorra. Nada paga a pena. Nem culturas, nem comodidades. De qualquer jeito se vive.



O sertão, também conhecido como sertão nordestino ou ainda sertão brasileiro é uma das quatro sub-regiões da Região Nordeste do Brasil, sendo a maior delas em área territorial. Estende-se pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, atingindo ainda a Mesorregião Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha no estado de Minas Gerais.
Ao contrário dos demais semidesertos do mundo, o sertão não margeia um grande deserto, mas sim zonas úmidas. Isso explica suas peculiaridades biomáticas e sua atipicidade demográfica.1 Compreende as áreas dominadas pelo clima tropical semiárido (quente e seco),2 apresentando temperaturas médias elevadas, entre 25 ºC e 30 °C (ultrapassando os 42 ºC nos dias mais quentes somente no Raso da Catarina na Bahia e no centro-sul do Piauí) e duas estações bem definidas: uma chuvosa e outra seca. As chuvas concentram-se em apenas três ou quatro meses do ano, e pluviosidade no Sertão atinge a média de 750 milímetros anuais, sendo que em algumas áreas chove menos de 500 milímetros ao ano.2

História

A palavra Sertão teve origem durante a colonização do Brasil pelos portugueses. Ao saírem do litoral brasileiro e se interiorizarem, perceberam uma grande diferença climática nessa região semiárida. Por isso, a chamavam de "desertão", ocasionado pelo clima quente e seco. Logo, essa denominação foi sendo entendida como "de sertão", ficando apenas a palavra Sertão.[carece de fontes]
O primeiro processo do país de interiorização ocorreu nessa região, entre os séculos XVI e XVII, com o deslocamento da criação de gado do litoral, devido à pressão exercida pela expansão da lavoura de cana-de-açúcar, que era o principal produto de exportação da economia colonial. A área foi conquistada por povoadores de origem europeia com escassos recursos e o desenvolvimento da pecuária possibilitou o desbravamento nos sertões. Os caminhos de boiadas assim criados permitiram a articulação e o intercâmbio entre o litoral nordestino e o interior, dando origem a diversas cidades. O rio São Francisco constituiu uma via natural de entrada para o Sertão, ampliando a extensão da área envolvida nessas trocas.

Geografia

Chuvas


Cabaceiras, no sertão da Paraíba, possui o menor índice pluviométrico do Brasil, com apenas 350 milímetros de chuva por ano.3
O Sertão é a sub-região que apresenta o menor índice pluviométrico de todo o país.4 A escassez e a distribuição irregular das chuvas nessa área devem-se, sobretudo, à dinâmica das massas de ar e, também à influência do relevo.
Os mecanismos indutores de pluviosidade na região são a umidade da Amazônia, a Zona de Convergência Intertropical e as frentes frias que organizam instabilidades sobre o Sertão.Entretanto, observa-se a irregularidade na atuação desses sistemas meteorológicos devido a inúmeros fatores. Seu período chuvoso depende crucialmente da temperatura no Atlântico e da ocorrência dos fenômenos El Niño e La Niña. As áreas que apresentam menor pluviosidade estão localizadas no Vale do São Francisco, entre a Bahia e Pernambuco, e nas escarpas do planalto da Borborema, no estado da Paraíba, chegando a apresentar pequenas áreas de clima desértico devido a precipitação anual inferior a 250 milímetros.

Seca


A savana estépica, chamada no Brasil de caatinga, é a vegetação predominante do sertão.
Na maior parte do Sertão, as chuvas geralmente ocorrem entre os meses de dezembro e abril.5 6 Porém em certos anos, não ocorrem precipitações nesse período e a estiagem pode se prolongar dando origem às secas.
A ocorrência das secas está diretamente relacionada ao fenômeno do aquecimento das águas do Oceano Pacífico,6 nas proximidades da costa oeste da América do Sul, denominado El Niño. Esse aquecimento do Pacífico ocorre em períodos irregulares de três a sete anos,6 interferindo na circulação dos ventos em escala global, e consequentemente, na distribuição das chuvas no Sertão nordestino.
As secas acarretam grandes prejuízos aos proprietários rurais, que perdem suas lavouras e criações, e à população em geral, que sofre com a falta de alimentos e água potável nessa sub-região do Nordeste.
A área atingida pela seca equivale a três vezes o estado de São Paulo. As chuvas esporádicas e o auxílio emergencial não podem fazer esquecer a necessidade de se criarem alternativas eficazes para combater o problema. Uma alternativa para garantir água durante a seca na zona rural são as cisternas, com capacidade para 15 mil litros custa cerca de R$ 1,8 mil e podem abastecer uma família de cinco pessoas por sete a oito meses de estiagem7 .

Polígono das Secas

Com o propósito de facilitar ações para combater as secas e amenizar os seus efeitos sobre a população sertaneja, o governo federal delimitou em 1951,6 8 nota 1 o chamado Polígono das Secas.
Inicialmente, o Polígono abrangia cerca de 950 000 quilômetros quadrados,6 estendendo-se pelas áreas de clima semiárido. Entretanto, após a ocorrência de grandes secas, a área do Polígono foi ampliada, alcançando parte do estado de Minas Gerais, também atingido pelas estiagens.
Diversos órgão do governo são responsáveis pelo combate às secas, especialmente o DNOCS (Departamento de Nacional de Obras Contra as Secas), que coordena programas de irrigação, construção de poços artesianos e açudes, bem como outras funções, visando amenizar os problemas da população.

Caatinga

A Estepe, chamada de Caatinga no Brasil, é a vegetação predominante em todo Sertão e em parte do Agreste. Ela ocupa as áreas de clima semiárido, resistindo às secas através de adaptações naturais, é um tipo de vegetação xerófila de semidesertos.

Demografia

Centros urbanos


Fortaleza no Ceará é a única capital nordestina localizada na região geográfica do Sertão.
O seu maior polo geopolítico e civilizacional fica na sua parte mais setentrional e costeira, ou seja, Fortaleza, que também é uma das nove capitais da região.
O sertão também conta com importantes cidades polos e centros urbanos que exercem significativa influência na região tais como: Petrolina, Serra Talhada, Arcoverde e Araripina em Pernambuco; Patos, Sousa, Pombal, Piancó, Itaporanga, Catolé do Rocha, Monteiro e Cajazeiras na Paraíba; Vitória da Conquista, Juazeiro, Jequié, Barreiras,Feira de Santana ,Paulo Afonso e Jacobina na Bahia; Picos no Piauí; Juazeiro do Norte, Sobral, Icó e Crato no Ceará; Mossoró e Caicó no Rio Grande do Norte, Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia em Alagoas; Montes Claros, Pirapora, Januária, Janaúba, Itaobim e Almenara no norte de Minas Gerais.

Regiões metropolitanas

O sertão possui sete regiões metropolitanas oficiais, sendo a mais importante, a Região Metropolitana de Fortaleza. Abaixo segue a população de cada uma. Os dados são de 2010.
Posição Região metropolitana Estado População Imagem de satélite
1 Fortaleza Ceará 3 610 379
2 Região Administrativa Integrada de Desenvolvimento do Polo Petrolina e Juazeiro Pernambuco e Bahia 742 759
3 Feira de Santana Bahia 732 754
4 Cariri Ceará 537 860
5 Patos Paraíba 224 550
6 Cajazeiras Paraíba 167 979
7 Vale do Piancó Paraíba 146 605

Cultura


Espetáculo "Chuva de Bala" nos festejos juninos de Mossoró, Rio Grande do Norte.
O sertão compete com a Zona da Mata pelos melhores carnavais da região, enquanto a zona da mata possui os maiores, embora o maior micareta do país seja realizado em Feira de Santana. O mesmo ocorre com o São João, já que o Agreste possui os maiores, porém o sertão compete com muitos dos melhores festivais, dentre os quais se destacam o de Patos, Mossoró. No litoral semiárido, também encontramos a cultura do jangadeiro setentrional, tido como o arquétipo do cearense, mas que não reflete tanto o sertanejo meridional, sem litoral. O principal ritmo nativo do Sertão é o forró.
Muito embora não seja divulgado na grande mídia, a região do sertão é farta no tocante à cultura da poesia popular. É imensa a quantidade de pessoas com habilidade na arte da rima e no improvisar de versos. Através desses repentista, algumas canções tornaram-se conhecidas nacionalmente: como exemplo, a música "Mulher nova bonita e carinhosa", conhecida na interpretação de Amelinha e Zé Ramalho é de autoria do cantador repentista pernambucano, Otacílio Batista. Outro exemplo é a música "A volta da asa branca", de autoria de Zé Dantas, outro sertanejo pernambucano, da cidade de Carnaíba.9 10
A cultura norte-mineira é uma das mais ricas do Brasil, se difere em cada região, mas se baseia em festas religiosas e folclóricas como levantamento de mastro e os famosos Catopês das Festas de Agosto em Montes Claros. Tem forte influência das lendas e crenças que rondam o Rio São Francisco nas cidades ribeirinhas como Januária, Pirapora, Manga entre outras. Na região do Grande Sertão Veredas (Januária, Cônego Marinho, Miravânia, Chapada Gaúcha, Itacarambi, Bonito de Minas, Peruaçu...), existe a forte tradição da Folia dos Três Reis Magos, que acontece todos os anos no início do ano: os foliões passam de casa em casa e são servidos pão de queijo feito no forno caipira, pinga e café. Uma grande festa na casa de um dos foliões ou devoto fecha a celebração. O vale do Jequitinhonha é também bastante rico culturalmente.11 12

Notas

  1. Depois da Lei nº 4 239, de 27 de julho de 1963, estatuiu que o município criado com desdobramento de área de município incluído no Polígono das Secas será considerado como pertencente a este para todos os efeitos legais e administrativos. De outra parte, a Lei nº 4.763, de 30 de agosto de 1965, incluiu o município de Vitória da Conquista. E finalmente, o Decreto-Lei de nº 63 778, de 11 de dezembro de 1968, delegou ao Superintendente da Sudene a competência de declarar, observada a legislação específica, quais os municípios pertencentes ao Polígono das Secas. Esse Decreto-Lei regulamentou e esclareceu que a inclusão de municípios no Polígono, somente ocorreria para aqueles criados por desdobramento de municípios anteriormente incluídos total ou parcialmente, no mesmo Polígono, quando efetuados até a data da lei regulamentar, ou seja, de 30 de agosto de 1965. Em 19 de dezembro de 1997, o Conselho Deliberativo da Sudene com a Resolução nº 11 135, aprovou a atualização da relação dos municípios pertencentes ao Polígono das Secas, incluindo aqueles que foram criados por desmembramento até janeiro de 1997.

Referências

  1. http://www.unicef.org/brazil/pt/where_9429.htm
  2. I. BOLIGIAN, Levon; II. MARTINEZ, Rogério; III. GARCIA, Wanessa; IV. Alves, Andressa; Geografia, Espaço e Vivência, 6ª série, cap.10, pág. 85, o Agreste e o Sertão, 2005.
  3. Festa do Bode Rei, em Cabaceiras, atrai grande público de turistas na PB Portal G1 Paraíba. Página visitada em 23 de agosto de 2014.
  4. I. BOLIGIAN, Levon; II. MARTINEZ, Rogério; III. GARCIA, Wanessa; IV. Alves, Andressa; Geografia, Espaço e Vivência, 6ª série, cap.10, pág. 85, Por que chove pouco no Sertão, 2005.
  5. http://www.brasilescola.com/brasil/a-seca-no-nordeste.htm
  6. I. BOLIGIAN, Levon; II. MARTINEZ, Rogério; III. GARCIA, Wanessa; IV. Alves, Andressa; Geografia, Espaço e Vivência, 6ª série, cap.10, pág. 86, A Seca no Sertão, 2005.
  7. Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semi- Árido: Um Milhão de Cisternas Rurais http://www.cliquesemiarido.org.br/>
  8. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L1348.htm
  9. http://www.ufrb.edu.br/janelasculturais/?p=168
  10. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAeyswAF/sertao-nordeste
  11. http://www.unicef.org/brazil/pt/where_9429.htm
  12. http://ecoviagem.uol.com.br/brasil/minas-gerais/

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