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quinta-feira, 15 de maio de 2014

Umbra Shade OU... MEUS 5 MINUTOS. MEU PROFESSOR ME DEU ESSA DICA TAMBÉM: - CELESTE, LEIA UM LIVRO OU QUALQUER OBRA LITERÁRIA E DEPOIS A REESCREVA COMO SE A HISTÓRIA FOSSE SUA, OU SEJA, COMO SE VC FOSSE A PERSONAGEM . DEI SORTE. ME CAIU NAS MÃOS A OBRA DE JOSÉ DE ALENCAR, CINCO MINUTOS. UM ROMANCE QUE ADOREI E ME IDENTIFIQUEI MUITO.



AÍ A MINHA HISTÓRIA FICOU ASSIM:...

É uma história curiosa a que lhe vou contar.
Mas é uma história, e não um romance.
Há mais de 2 anos; seriam 6 horas da tarde, dirigí-me ao... para tomar o ônibus de...
- sabe que sou do tipo o mais pontual que há neste mundo, entre as minhas imensas virtudes e minhas poucas qualidades.
Mas neste dia, chegando lá, não vi mais ônibus algum.
Fiquei sabendo por alguém que havia partido há 5 minutos. Resignei-me, e esperei pelo seguinte, das 7 horas.
Anoiteceu.
-          fazia uma noite de inverno fresca e úmida.
O céu estava calmo e... sem estrelas.
À  hora marcada chegou, e apressei-me a ir tomar o meu lugar.
Procurei, como de costume, o fundo:
-          a fim de ficar livre das conversas monótonas.
O canto já estava ocupado por um “monte de sedas”, que deixou escapar um ligeiro farfalhar, afastando-se para dar-me lugar.
Sentei-me.
-          prefiro sempre o contato da seda à vizinhança da “casimira” 
ou do pano.
O meu primeiro cuidado foi ver se conseguia descobrir o rosto
e a formas que e escondiam nessas nuvens de rendas.
Era impossível.
Além da noite estar mais escura que o normal, um maldito véu caía sobre seu rosto, o que não deixava a menor esperança.
Resignei-me mais uma vez.
Melhor era cuidar de outra coisa.
Já quando meu pensamento voava em outros espaços, em outro mundo, de repente fui impelido a voltar.
Foi quando eu senti no meu braço o contato suave de um outro braço, que me parecia tão... macio.
Quis recuar, mas não tive ânimo; deixei-me ficar na mesma posição, e cismei que estava sentado perto de uma mulher que me “amava”  e que se apoiava sobre mim.
Pouco e pouco fui cedendo àquela atração irresistível, e reclinando-me insensivelmente.
A pressão tornou-se mais forte; senti o seu ombro tocar de leve o meu peito, e a minha mão impaciente encontrou a sua mão, que deixou-se apertar a medo.
Assim, fascinado ao mesmo tempo pela minha ilusão e por esse contato voluptuoso, esqueci-me, a ponto que, sem saber o que fazia, inclinei a cabeça e colei os meus lábios ardentes nesse ombro, que estremeceu de emoção.
Ela soltou um grito, que foi tomado naturalmente, pelos outros, como um susto causado pelos solavancos do ônibus, e refugiou-se no canto.
Meio arrependido do que tinha feito, disse-lhe quase ao ouvido:
-          perdão!
Não respondeu.
-          vou descer. Não a incomodarei mais.
Mas senti outra vez a sua mão apertando a minha, como para
 impedir-me de sair.
Está entendido que não resisti, e deixei-me ficar.
Como se não bastasse, fui envolvido por uma onda de perfume vindo dela, que se infiltrou em minha alma como um eflúvio celeste.
Entorpeceu-me e... nesse momento...
Não se admirem. Tenho uma teoria a respeito dos perfumes e das cores. Dada a cor predileta de uma mulher desconhecida, o seu modo de trajar e o seu perfume favorito: de todos os indícios, porém, o mais seguro é o perfume; e isto por um segredo da natureza, por uma lei misteriosa da criação, que não sei explicar.
Fugiu-me rápido... eu tinha perdido a minha visão; só meus ouvidos atentaram para ouvir:
-          non ti scordar di me!...
não sei mais nada, além de que... a desejava.
(...)

              15 dias se passaram depois da minha aventura, e não havia um só dia em que eu não fosse até lá e pegasse o mesmo ônibus, mas eu não a reencontrei.
Foi quando o milagre aconteceu no momento em que já tinha acabado com as minhas esperanças; senti aquele mesmo perfume, e dentro da minha alma ressoou de novo:
- “...”
olhei aflito para todos os lados... não vi nenhuma dama.
Alguma coisa me chamava até o teatro.
Entrei, me assentei no lugar de sempre e... novamente o perfume me envolveu, e... tudo    se repetiu; não só mais aquela vez; dezenas e dezenas, já era habitual aquilo tudo.
(...)

              Eu tinha adivinhado que era ela.
Me fixei naquela figura feminina e... de repente comecei a sentir um prazer indefinível em olhar aquelas rendas e fitas que me impediam de reconhecê-la, mas que ao menos lhe pertenciam.
Não me foi dado o poder de dirigir-me até ela, e em outro de repente anunciou-se o início do espetáculo. Eu me perdi entre todos.
-          te perdi mais uma vez.
(...)

              Me senti ridículo por esse tempo todo.
 Tive então um movimento de despeito e quase de raiva por perseguir e amar fielmente uma sombra: um mistério.
-          o orgulho da mais vaidosa mulher deve ficar satisfeito.
(...)

              Achei em casa uma carta e uma caixinha.
Antes de abri-la conheci que era dela, porque lhe tinha imprimido esse suave perfume que a cercava como uma aura.
Eis o que dizia:
-          Julga mal de mim.
Nenhuma mulher pode escarnecer de um nobre coração como o seu.
Se me oculto, se fujo, é porque há uma fatalidade que a isto me obriga.
E só Deus sabe quanto me custa este sacrifício, porque o amo!
Mas não devo ser egoísta e trocar sua felicidade por um amor desgraçado.
Esquece-me.
Addio!...

              “C”.
(...)

              Quando abri a caixinha ouvi sair de lá a nossa música: (?)
Parecia-me que naquela caixa estava encerrada a minha vida:
-          e a sua.
Alguns fios de cabelo e um pequeno diário daquele ano, completamente preenchido: totalmente, do começo ao fim; onde você resumiu todos os dias de sua vida até alí e então. 
(...)

              Tive que retornar à minha infância para entender tudo.
Você falou-me de uma garotinha de 12 anos, esquisita, que conheci quando tinha meus 15 anos.
Descreveu-me como feia, tímida e arredia, e que costumava seguir-me sempre debaixo dos meus “maus-tratos” verbais, que faziam-na chorar.
-          esta era uma das primeiras páginas escritas.
Eu descobri que ao contrário do que pensava, ser eu a sua sombra, você houvera sido a minha, e... por tanto tempo!
(...)

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