Quem viaja entre aquelas duas serras, entre aqueles
dois ranchos,
mundos distantes, abandonados
depara-se com um terceiro estranho morro,
na altura de uma casa.
(...)
Alí, morava Santana, e ninguém mais.
Tarde da noite, e cedo demais para ser um dia saía
sozinha
pela redondeza, juntando restos de objetos
abandonados.
(...)
Em casa, ia acumulando tudo no quarto:
Pedaços de pano, latas secas, garrafas vazias,
e principalmente, restos de bonecas.
Ao fim de um ano, estava o quarto, a casa
repleta de restos, do resto do mundo lá de fora.
Um vestido imundo, os cabelos enormes, desgrenhados
e a fama de esquisita, louca, se espalhando pela
região.
-
muitas
ramas sobre o telhado.
Ela não falava com ninguém.
(...)
Um dia, só cabia Santana,
no que
sobrava da casa.
Outro dia...e mais outro...
e em um certo amanhecer, a porta não se abriu.
Santana estava morta, tendo nos braços as bonecas,
Reconstituídas, como novas, embrulhadas como se
fossem crianças de colo.
(...)
Estava sepultada.
(...)
Hoje...
Quem viaja entre aquelas duas serras entre aqueles
dois ranchos,
mundos distantes, abandonados,
depara-se com um estranho morro, o terceiro,
na altura de
uma casa,
porque alí, um dia, foi uma casa.
(...)
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