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sábado, 25 de janeiro de 2014

PRODUÇÃO TEXTUAL - VERSÃO ORIGINAL (COM ERROS E TUDO) - OS TOUROS

PRODUÇÃO TEXTUAL II- VERSÃO ORIGINAL (COM ERROS E TUDO)

“Os touros” Eles já existiam, já estavam lá, nas cavernas pré-históricas, lado a lado dos homens de Neanderthal, em suas formas primitivas, bizarras: búfalos, bisões...os touros; figuras mágicas em cores e contornos. Antes mesmo da criação do mundo cristão dos hebreus, o povo egípcio explicava a origem do universo: forjado pelo ferreiro divino, Ptah, representado pelo boi-Ápis, um “touro de capa” (auto-castrado) num gesto de esparramar seu sêmen deu origem a tudo o que se diz “princípio de vida”, concretizada pela força de seu coração e do verbo “ser”; o touruno Rá que na terra era representado por Osíris. Este, quando morreu tornou-se o soberano do reino dos mortos, na misteriosa região abaixo do horizonte ocidental, onde o “touro de ouro”, o sol, se punha todos os fins de tarde e para onde todos iriam um dia, para terem suas almas julgadas. É a primeira representação do inferno e a primeira espécie de purgatório de que a história tem conhecimento. Mais uma vez, sinônimo de princípio, o princípio da “história” (com o uso da escrita) , no que diz respeito à primeira letra do alfabeto, teve origem do pictograma hieróglifo da cabeça de um touro invertido: o Aleph dos egípcios e dos fenícios, o Alef dos hebreus, o Alpha dos gregos e enfim o nosso “A”. Depois disso, os touros se difundiram por todo tempo e espaço. O touro dos assírios dominou terras (entre rios) e o céu com sua violência e crueldade alada. Na pérsia, os touros sustentavam em suas cabeças os palácios dos reis de Pasárgada. No Velho Testamento, os hebreus já divinizaram um “bezerro de ouro”, uma imagem (aparentemente) inofensiva de um futuro touro, símbolo de escravidão e repressão por parte dos egípcios aos povos conquistados. Nas lendas e mitos greco-romanos conta-se a história de amor entre o divino Zeus/Júpter que se enamora da adorável Europa apresentando-se a ela sob a forma de uma figura taurina surpreendentemente dócil que a deixa montar. Desta união nasce Minos, o divino rei cruel, tirânico e egocêntrico que fora presenteado com um touro branco que deveria em certa feita ser servido em sacrifício, o que não aconteceu. Como punição dos demais deuses, a traição da mulher de Minos com um “touro comum”, que gerou o monstruoso Minotauro; aprisionado no Labirinto do Palácio de Cnossos, em Creta e que fora morto tempos depois por Teseu. Até hoje, existem vestígios das cerimônias que aconteciam na antiga ilha das “mulheres de cintura fina” em devoção ao touro. Tais honrarias eram feitas por jovens selecionados que dançavam por trás dos touros selvagens e demonstravam sua destreza fazendo “ginástica” entre os enormes chifres. As touradas e as corridas de touros da Espanha e de Portugal são exemplos disso. A reverência religiosa na qual os bovídeos ou bovinos são considerados animais sagrados e não podem ser feridos são mantidos na Índia; fato inverso da cultura hispano-portuguesa. Voltando ao Egito, o touro sagrado quando morria era mumificado e colocado no túmulo correspondente mediante cerimônia elaborada em sinal de luto e em sua cabeça era afixado um disco dourado, símbolo da força vital do sol que era engolido todos os dias e logo mais parido por Nut (o céu), “a vaca divina”. Se olharmos para o verso da cédula de um dólar, veremos um olho (símbolo de Osíris) sobre uma pirâmide, o grande deus com cabeça de touro. Uma demonstração do poder de tal “moeda”. Na astronomia, a constelação zodiacal de touro é composta pelas estrelas conhecidas como as Híades e as Plêiades. Além delas, Aldebarã: a grande estrela avermelhada, freqüentemente chamada de “o olho de touro”. O touro do céu é manco, tem apenas meio corpo e como diz o poeta Manilius: “Touro se curva fatigado pelo peso da Ursa Maior” e a chama de “dives puellis”, “rico em pureza” (profundamente inocente). Os astrólogos afirmam que a posição dos astros na hora exata do nascimento de uma pessoa, além dos movimentos astrais posteriores, influem no caráter e no seu destino. O touro, na astrologia, é de terra, é o segundo signo do zodíaco, regido pelo planeta Vênus; diz respeito às pessoas nascidas entre 20 de abril e 20 de maio (período mais pleno da primavera), representada pela figura de Afrodite (grega) ou Vênus (romana). No horóscopo chinês é mais complexo. Os touros podem ser de metal, de água, de madeira, de fogo ou de terra; regem o mês de janeiro assim como as três primeiras horas de um novo dia e o inverno referente do oriente. Nascer sob a influência do signo astral de touro é: viver em busca de si mesmo através do que consegue de material, é ser e ter constância (senão obstinação), lealdade, serenidade, compreensão, sensibilidade, calma, afeição, generosidade, praticidade, firmeza, e extrema sensualidade erótica. A quem interessa saber um pouco mais... sua cor é o laranja: nem vermelho (emoção impulsiva e violenta) nem amarelo (racional desmedido). Os touros não são bem vindos em “terra de Sagitário” (como é denominada astrologicamente a Espanha), onde toureiros ou toureadores vestidos a caráter, com seu terno e casaco de seda adornado com lantejoulas, com cabelos trançados ou à Juan Belmonte parecem até dançar cadenciadamente o “pasodoble” como quem vai à guerra (em marcha) combater o inimigo provocando, instigando a violência “assíria” taurina; com suas “verônicas e muletas vermelhas desafiadoras numa praça de touros. E se o touro se recusa a sofrer sob o acicate, empreende-se no lombo as bandarilhas negras, e quando cair, virá o golpe fatal: a punhalada final da pontilha. – Que entrem os picadores! E não é mesmo verdade que deles se aproveita tudo? O que é um touro, senão um “boi inteiro” (não castrado), um ruminante, um quadrúpede de tração. Na metáfora feminina “estar com eles” é estar “naqueles dias”; na metáfora masculina, ser um “touro” é ser o tal: fogoso e robusto. Agora, enquanto boi... é ser “aquele que ostenta um belo chifre” (em sentido figurado) é o parceiro de uma “vaca” qualquer (se é que me entende); uma paródia do Minotauro moderno. Em síntese: ora o touro é um deus, um ser de luz, uma estrela, um ser sagrado cheirando a incenso. Ora o é o próprio diabo, o satã, é profano, a própria escuridão dos poços de enxofre. Um touro é um “touro”.

PRODUÇÃO TEXTUAL - VERSÃO ORIGINAL (COM ERROS E TUDO) - CAPRINOS E OVINOS

Caprinos e Ovinos
Eles já existiam, já estavam lá em suas formas primitivas, pré-históricas, na era do Paleolítico Superior, lado a lado dos homens de Cró-Magnon, raça que atingiu grande progresso material: costuravam suas roupas, feitas com peles de animais, com agulhas de osso para se protegerem do frio naquela era glacial. As primeiras manifestações religiosas também tiveram origem nesta época. Os homens das cavernas entendiam a pintura como um apelo mágico. Então, quando pintavam certos tipos de animais, em cenas de caça, significava o desejo de obter alimento, por exemplo.
No neolítico, com a diminuição do frio, em virtude do declínio da glaciação, mudaram as condições de vida: o homem, de caçador e coletor, aprendeu a lidar com a terra e a domesticar animais. Mais tarde, em busca de mais alimentos e ou novas terras, o homem percorreu distâncias consideráveis, numa terra cheia de barreiras naturais; e na longa e dura jornada, os animais que os seguiam deviam ser fortes e resistentes. E lá se foram eles se dividindo, se difundindo pelo mundo todo. Quando encontraram um lugar apropriado para se estabelecer deixavam a sua condição de nômades para sedentários. Os animais, já domesticados, lhes serviam como alimento, para serviços no transporte de cargas e arado. Até mesmo seus excrementos serviam como adubo para a terra.
Antes mesmo da criação do mundo cristão, dos hebreus, o povo egípcio já explicava a origem do universo, e de acordo com este tal relato acreditava-se que no início só existia o oceano. Então Amon-Rá, o Sol, surgiu de uma flor-ovo (que seria uma flor-de-lótus) sobre a superfície das águas, representado na forma de um carneiro de chifres curvos (símbolo das forças reprodutoras) e teria criado o mundo e o gênero humano. No final da vida humana, todos seguiriam/seguiam o caminho do “Sol”, até o reino os mortos, na misteriosa região abaixo do horizonte ocidental. Suas almas tomavam a forma de Ba, um carneiro de chifres horizontais e entravam na Barca de Amon, que os atravessava no Duat (o reino das doze horas noturnas) em direção a Amenti, a região funérea, e lá seriam julgados de acordo com o “livro-dos-mortos”.
Na Babilônia, bodes e cabras aparecem talhadas em pedras, na companhia de Ishtar, a deusa do amor, da guerra e da fertilidade. Os seus sacerdotes só poderiam usar vestimentas feitas com a pele destes animais, tal a importância venerável dos tais caprinos. Quanto ao povo hebreu, no Velho Testamento, Pai Jacó associou à tribo de seu filho Neftali o signo de Capricórnio, quando o comparou a um “antílope” veloz. Na Grécia, a cabra... o bode também fora divinizado, na figura de Pã: divindade campestre protetor dos pastores e ligado à fertilidade. Os gregos acreditavam que ele percorria a floresta e os bosques tocando uma flauta, e ao meio dia, ao repousar, qualquer intruso que o importunasse em seus domínios seriam perseguidos, gerando o terror “pânico”. Dizem que sonhar com ele é um bom presságio, um prenuncio de boas risadas. Semelhante a este mito, temos no Brasil o Anhangá no Amazonas, o demônio da grande floresta verde tropical.
Foi observando as brincadeiras e lutas de marradas que o aríete ou ariete foi idealizado pelos romanos. O tal instrumento, uma tora de madeira com uma cabeça de carneiro de ferro na ponta, servia para atacar as muralhas e destruí-las em combate; assim aumentaram seus domínios, conquistados na ‘marra’. Ainda na cultura romana, o deus grego Pã foi associado à Baco, símbolo da luxúria exibida. Tempos mais tarde, Pã-Baco tornou-se uma figura demoníaca, uma vez que atentava contra a moral e os bons costumes. Mas, um dia, os caprinos perderam, para outros deuses, a condição divina, de vida eterna. Agora, poderiam ter suas vidas ceifadas, antes mesmo do primeiro ano de vida.
O sacrifício de animais tem origem baseada na história da criação do mundo pelas divindades gregas. Os homens teriam sido criados por Prometeu, contra a vontade de Zeus (o pai dos deuses). Então, para garantir a vida humana, teriam que sacrificar uma outra vida, não humana. Anos depois, passou-se a acreditar que poderiam fazer adivinhações se examinassem as entranhas do animal sacrificado. Os rituais de sacrifício chegaram até nossos dias, sob a forma de cultos de magia negra no candomblé, bruxaria, nas tais “missas negras”. – Uma crueldade!
Segundo as crenças populares, os demônios tomam a forma de animais diversos. O bode é a forma descrita mais conhecida. Porém, jamais poderão tomar a forma de algum dos animais do presépio, presenciadores do nascimento do “menino-deus”. Então, as crianças podem dormir tranqüilas, depois de fazer uma oração e contar 100 carneirinhos.
Caprinos. Segundo a definição do “pai dos burros” (em sentido real, literal) são, mamíferos, herbívoros: bodes, cabras, carneiros e ovelhas. Mas na língua do povo (patrimônio cultural), etc. e tal, é interessante saber que: na metáfora feminina, estar “de bode” é estar “naqueles” dias; e pode dar o maior “bode” se você não prestar atenção no que faz. E o “Bode Iô-Iô”?! Desse falava muito, meu avô. Diz que ele adorava passear, ir pr’um bar, bebericar. - Pode?! Uma personalidade, que só podia ser de um lugar: do Ceará. Onde se vaia até o sol, na maior molecagem e curtição.
Eita, Brasil, Nordeste! Terra de homem, cabra-da-peste. São cabras valentes, os do bando de Virgulino Lampião. São cabras vaqueiros, que ao som do aboio tangem bois no sertão; porque, só mesmo sendo um cabra “daqueles” pra ter tanta força e disposição. Terra de belas morenas: cabrochas, cabritas: as “Tietas” do Agreste de Jorge Amado; e de um cabra nordestino, Luís Gonzaga, rei do baião. E é terra de meninos danados, como o diabo. Terra de “cabra namorador”, muito macho, sim senhor! Onde é cabreiro, homem muito esperto. Onde é cabrão, o homem de maus modos. Onde pé-de-cabra também é instrumento de ladrão.
E os caprinos do céu, os santos, o que dirão?! As nuvens que pastam, tangidas pelo vento - pastora os carneirinhos, São João! E aquela constelação?!... Sabia que uma cabra visitou Buda, antes dele morrer? - Ou terá sido um carneiro? Sabia que Maomé , depois de ficar órfão ganhou a vida como pastor? E sabia que Moisés e São Pedro são do signo de carneiro? Arianos. E que Jesus Cristo é do signo de Cabra? Capricorniano - é. “O Cordeiro imolado”.
O que morreu na cruz, como um bode expiatório, para a remissão dos nossos pecados.
Li, uma vez, quando criança, o Apocalipse de João: falava de um cordeiro, digno de louvação;
que bastava abrir um livro para ter início os dias de “danação”
Esse mundo é mesmo fantástico. Escute aí: se um carneiro foi um deus-faraó, no Egito Antigo: Amon; por que um bode não pode ser o rei da Caatinga, do Sertão ou não poderia ser eleito vereador, que nem o tal Bode Iô-Iô?! E quando se fala em gado, só são lembrados bois e vacas. Mas, também há o gado caprino, ovino, entre outros. Existe até o “gado humano”, daquela música do Zé Ramalho – vida de gado. E na Índia, a vaca pode até ser sagrada, mas o signo regente é o da cabra - mas que piada!

PRODUÇÃO TEXTUAL - VERSÃO ORIGINAL (COM ERROS E TUDO) - SERPENTES E DRAGÕES: COBRAS E LAGARTOS

Serpentes e Dragões: cobras e lagartos.
Répteis, nome comum aos membros da classe chamada reptília. São animais de sangue frio, sua temperatura corpórea varia de acordo com o ambiente. Devido a esse fato, hibernam nas regiões onde há inverno frio e estivam nas regiões quentes, podendo assumir um estado latente quando o calor é intenso.
Os primeiros répteis apareceram durante o período carbonífero da era Paleozóica. A maioria dos animais dessa espécie foram desaparecendo no decorrer do tempo, não se sabendo ao certo como, a exemplo, os dinossauros, os “lagartos gigantes”.
Há quem não creia na existência dos “dinos”, há os que crêem em dragões, monstros fabulosos, e os que dizem ter visto a serpente marinha, “o monstro do lago Ness”
Os dragões são seres imaginários, das lendas e mitologia oriental. Zoomorficamente, parecem grandes crocodilos (tão comuns no rio Nilo), possuem asas, garras enormes, rabo comprido e cospe fogo. No antigo Oriente médio, eram a expressão do mal e da destruição, conceito que foi transmitido às escrituras hebraicas e herdado pelos cristãos. Já, as serpentes, são seres bem reais, mas que costumam ter ou receber um toque aterrador em suas características naturais; um acréscimo titanicamente monstruoso
No Egito, uma deusa de nome Sekhmet (a poderosa, deusa da guerra) vigia os homens e seus feitos com “o terceiro olho” (o uraeus) do deus criador do mundo (Ptah), na forma de uma serpente, como que preparada para dar o bote a qualquer tempo. E, ainda conta a história que houve uma rainha egípcia, de nome Cleópatra, que deixou-se picar por uma víbora.
Na Babilônia, havia um deus em forma de dragão (Marduk) que chegou a ser considerado o maior deus nacional. Segundo a Bíblia, Nabucodonosor, rei babilônico, veio a Jerusalém e a sitiou. Daniel, o profeta do cativeiro, um dos filhos de Judá renomeado Beltessazar (Bel), a quem Deus deu o conhecimento, inteligência em toda cultura e sabedoria, tornou-se entendido em todas as visões e sonhos. No segundo reinado de Nabucodonosor, teve este uns sonhos que perturbaram seu espírito. Então, o rei mandou chamar todos os sábios do lugar para que lhe pudessem dar as interpretações. Como nenhum deles se achou preparado ou não soubesse interpretar, foram jurados de morte. Mas, Daniel, foi ao encontro do rei e lhe pode revelar o mistério dos sonhos. Nabucodonosor, caiu aos seus pés, prostrado e, construiu um templo a ele dedicado, em cujas portas encontram-se talhadas figuras de dragões.
Em Creta, a serpente é o animal divinizado. A deusa das serpentes simboliza a fertilidade da “mãe-terra”.
Segundo o gênesis, relato da criação, de crença cristã, no paraíso a serpente (o mal insinuante, o caos) tentou Eva a compartilhar o fruto proibido com Adão, ocasionando-lhes a expulsão. Já, no Apocalipse, no dia do juízo final, haverá “uma mulher vestida de sol”, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita, com as dores do parto, sofrendo tormento. E haverá um grande dragão vermelho, que, com sua cauda arrastará as estrelas do céu e procurará devorar o rebento: filho varão, que há de reger todas as nações. Mas, o dragão será arremessado contra a terra, ainda tentando engolir a mulher, que é salva por Miguel e seus anjos.
Durante o segundo Império romano, existiam seitas agnóstica, as “oftas”, que veneravam a figura da serpente como símbolo de espiritualidade e sabedoria.
Na Idade Média, São Jorge, mártir cristão, tornou-se santo e padroeiro da Inglaterra e Portugal. As lendas o envolvem em histórias fantasiosas como a do confronto com um dragão (o próprio demônio) em uma cidade pagã da Líbia; e histórias que apontam sua participação nas Cruzadas, ajudando os cristãos no cerco da Antióquia, contra os turcos (muçulmanos) pela libertação de Jerusalém (a retomada do Santo Sepulcro).
Muitas vezes, as representações de dragões e serpentes se confundem, e outras, se fundem entre si e a outras formas humanas ou animais. a exemplo disso, existem na mitologia, o cão Cérbero (o guardião da entrada do mundo subterrâneo de Hades), de três cabeças, cauda de dragão; Quimera, monstro que solta fogo pela boca, com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão: a Gorgona, Medusa, criatura terrível, que tinha o poder de petrificar a quem lhe mirasse os olhos, semelhante a um dragão, e com serpentes ao invés de cabelos: Cécrope (metade homem e metade serpente), fundador de Atenas e da civilização grega; e Grifo, criatura lendária do Oriente Médio, representado na literatura e nas artes plásticas, com cabeça, bico e asas de águia, corpo e pernas de leão, e cauda de serpente.
O dragão e a serpente estão nos contos, nas fábulas, parábolas e em outras histórias. La Fontaine, por exemplo, escreveu ä parábola “o homem e a cobra”; e Monteiro Lobato, escreveu “o homem e serpente”, cuja mensagem negativa, da existência do mal em certos seres como algo definitivo e irremediável, o que o fez não incluir tal parábola em seu volume “fábulas”.
Na mitologia de países do Extremo Oriente, China e Japão, o dragão representa o poder espiritual supremo, sendo a presença mais antiga e onipresente da arte e significando tanto poder terreno e celestial, quanto conhecimento e força, além de proporcionar saúde e boa sorte.
Na China se conta que um dragão e uma serpente, visitaram Buda antes de morrer, e por gratidão lhes foram concedidos o poder de reger, cada qual, um ano correspondente no horóscopo (anual) chinês.
A dança da serpente (dança de invocação da chuva) é um ritual realizado pelas sociedades dos índios hopi do norte da América, num festival que dura quase um mês. São capturadas de 50 a 60 serpentes, divididas entre os participantes. A dança consiste em sustentar uma serpente entre os dentes enquanto se movimenta sinuosamente. No dia seguinte da cerimônia elas devem ser devolvidas, ilesas, à natureza, para que difundam a notícia de que os hopi vivem em harmonia com o mundo natural e espiritual.
No México, no Peru, e em muitos outros lugares, existem vários vestígios de cultos à (deidades) serpentes. Em Xochicalco, se encontra a Pirâmide das Serpentes Emplumadas, em homenagem ao deus Quetzalcóat; em Zempoala, cidade mixteca, encontra-se um enorme templo circular (também em homenagem ao deus serpente); em Uxmal há edificações decoradas com figuras de serpentes bicéfalas; e há uma antiga cidade maia de nome Pelenque, que quer dizer “casa das serpentes”. A lenda asteca diz que os deuses apontaram o local para a fundação de seu império, deveria ser erguida no lugar onde encontrassem uma águia devorando uma serpente. Tempos depois tal lugar foi encontrado e o previsto realizado. A arte inca e tolteca também traz sua figuração em tecidos e cerâmica.
No Brasil, os mitos indígenas relativos à criação do mundo e da humanidade trazem elementos em comum com outros do mundo inteiro. Um exemplo dado pelos irmãos Vilas Boas, os mitos dos índios do Alto Xingu dizem que Mavutsinim, o primeiro homem transformou a “concha da lagoa” em mulher, dando origem à humanidade. Em seguida foram criados os animais, o primeiro deles, a serpente, como dizem os Guaranis.
Um relato interessante é o dos índios das tribos Nambikwara que além de acreditar na vida após a morte também crêem que a morte é prenunciada quando se cruza no caminho com um lagarto. No livro de João Ubaldo Ribeiro, “o sorriso do lagarto”, o personagem central, João Pedroso se sente estranhamente incomodado com um lagarto que parece lhe encarar e sorrir com mofa, enigmaticamente, mostrando e recolhendo a língua repetidamente. E no final de tudo, se encontra morto: “... não podia realmente fugir dele”. Se for mesmo assim, é bem melhor encontrar uma pedra no meio do caminho, em vez de um lagarto.
As serpentes e os dragões: deuses, demônios, o bem e o mal, alados, marinhos, de fogo, de água, de terra, de madeira, de metal, de verdade, de mentira, real ou virtual: “na roda da vida”.



..........................................Pitaia (pitaya em PE) é o nome dado ao fruto de várias espécies de cactos epífitos, principalmente do Mandacarú nativo da Caatinga nordestina, sobretudo do género Hylocereus mas também Selenicereus, nativas de regiões da América do Sul e também cultivadas em Israel e na China . O termo pitaia significa fruta escamosa, também sendo chamada de fruta-dragão em algumas línguas, como o inglês. Como a planta só floresce pela noite (com pequenas flores brancas) são também chamadas de Flor-da-Noite ou Dama da Lua.
fruta dragão - 

PRODUÇÃO TEXTUAL - VERSÃO ORIGINAL (COM ERROS E TUDO) - A FORMIGUINHA E A SEMENTE DE DENTE-DE-LEÃO

A FORMIGUINHA E A SEMENTE DE DENTE-DE-LEÃO
Era uma vez uma formiga operária que já estava bem cansada de trabalhar. Então um dia foi até a sua rainha e lhe pediu umas férias, pois queria viajar e conhecer o mundo. A rainha não fez cara feia e logo foi lhe dizendo que fazer uma viagem era uma ótima idéia para quem nunca havia saído do formigueiro, até deu-lhe notícia de que um navio cargueiro iria sair do porto mais perto no comecinho da tarde daquele dia.
A formiguinha Guinha ficou feliz, tão feliz que até esqueceu de fazer as malas e se pôs pela estrada afora, “sem lenço e sem documento”.
Guinha atravessou o campo todo tão eufórica para chegar não se sabia onde que nem notou o campo verdinho e nem o colorido das flores e seus variados perfumes. Ela só enxergou um pardal que voava ao sabor do vento, então gritou de cima de uma pedra: ei, amigo! Pode me dar uma carona até o porto? E o pardal respondeu: Pardalino ao seu dispor, afinal seu peso não vai atrapalhar em nada o meu vôo. E lá se foram os dois. Tinham pressa. E lá de cima naquele espaço aéreo se podia ver de tudo lá em baixo, mas a formiguinha continuava sem reparar em nada.
De repente o céu começou a ficar todo escuro e carregado e não demorou muito a cair um temporal daqueles. O amigo pardal teve que pousar, pois suas asas ficaram muito pesadas de tão encharcadas de água. Quando o tempo ruim foi embora já estavam prontos para voar de novo, mas apesar do grande esforço do amigo de penas, a formiguinha não chegou a tempo, o navio já havia partido. Guinha ficou inconsolável, mas nem por isso menos agradecida.
Depois, de olhos agora enxutos, Guinha olhou em sua volta e avistou por coincidência uma amiga de infância que seguia uma fila carregando grãos de milho caído das sacas que iam e vinham dos navios em viagem para outros portos. Logo correu ao seu encontro, se cumprimentaram rapidamente e de imediato soube que no meio daquela mesma tarde um avião estava de partida no aeroporto mais próximo dali que ficava do outro lado da praia.
Mal a formiga amiga acabou de falar, Guinha despediu-se e correu à procura de Pardalino, mas ele já não estava lá, já tinha seguido adiante. O meio da tarde já estava se avizinhando.
A formiguinha apressou seu passo em direção à praia e lá por sorte encontrou Tatá, sua amiga tartaruga que já entrava na água, e mais que depressa lhe pediu de forma quase suplicante uma carona até o outro lado da praia onde ficava o aeroporto. E Tatá lhe respondeu: pois não! É só respirar bem fundo, prender a respiração e... lá se foram as duas, por aquele fantástico desconhecido mundo submarino. Mais uma vez tudo lhe passava despercebido.
De repente o mar ficou enfurecido, as correntes marinhas puxavam Tatá de volta para a praia. Eram os efeitos da lua cheia. O mar não estava para peixe, muito menos para tartarugas. E mais uma vez Guinha perdeu a chance de realizar a viagem tão sonhada. Tatá ficou ressentida com a tristeza da amiga, mas as duas sabiam que foi feito o que se podia.
A formiguinha se pôs a andar sem rumo certo e de repente estava no alto de uma colina toda coberta de flores de dente-de-leão bem amarelinhas. Quando o sol já estava se pondo lá no finzinho do mundo o céu ficou todo colorido. Parecia que as cores do arco-íris que guinha nunca tinha visto antes estavam se derramado nas nuvens e um vento forte e frio bateu em seu rosto, então ela teve um sobressalto, acordando de seu sonho desfeito e quase despencou.
Naquele instante Guinha assistiu um grande espetáculo. Junto com o vento vinham umas coisinhas pelo ar que mais pareciam umas estrelinhas de fios de algodão que se soltavam das flores. Elas eram como bailarinas, giravam e cada vez mais subiam. O vento as tirava para dançar. Nesse mesmo instante houve um estalo na cabeça da formiguinha; talvez fosse a última chance de fazer a viagem que tanto desejava e, de um salto, se agarrou bem forte em uma daquelas coisinhas e acabou entrando em órbita, mas a noite estava bastante escura, então não se podia ver nada, além de todo aquele imenso céu e seus pontos de luz, como vaga-lumes.
No dia seguinte quando o sol tornou a iluminar tudo, a estrelinha de algodão que era na verdade uma semente aterrissou em terra firme cumprindo sua jornada. Quando Guinha pôs seus pés no chão, parou para refletir e chegou a conclusão de que agora estava perdida, não sabia onde havia chegado e muito menos como voltar. Tal triste situação fez Guinha notar que ela tinha começado a viajar desde o momento em que havia saído do formigueiro e nem sequer tinha tomado conta disso, o que a fez deixar de observar os caminhos e admirar as coisas mais próximas em sua volta: o campo verdinho, o colorido das flores e seus perfumes, o céu todo azul, os novos amigos e os velhos, os fenômenos da natureza, o fundo do mar e todo o resto. Então Guinha mais uma vez ficou triste, mas um pouco mais sábia. Ela havia aprendido uma lição.
Com esse fim de história, espero que se tenha tido algum aprendizado. Eu aprendi que devemos estar o tempo todo bem atentos e de olhos bem abertos a apreciar cada momento de nossa viagem pelo mundo, pela vida.

A casa de Maria - PRODUÇÃO TEXTUAL (COM ERROS E TUDO)


Gosto das coisas simples, mas de uma simplicidade incomum.
Prefiro, sempre, necessitar menos a possuir mais.
Nossos desejos são como crianças: quanto mais cedemos a eles, mais exigentes se tornam.
(...)
Quero...
... patos no meu jardim e galinhas no meu quintal. Um pequeno lago natural que circunde a casa inteira.
...planta trepadeira que suba até meu beiral. Pé de uva e/ou maracujá, plantas mais bonitas que essas, não há. Não quero morar em apartamento. Eu sei que, de certa forma, é mais seguro, mas prefiro uma casa, construída do meu jeito, mobiliada ao meu estilo.
... viver só. Não gastarei muita energia nem água e, se der, dou até um jeito (descobrirei) de torná-la reutilizável. ... tudo natural, tirado do meu pomar, haja que esperar!
... comer da minha horta.
... plantar feijão, verduras e outras: ervas. 
... muitas plantas, muitas flores, muitas cores. Não vou me importar com as folhas amarelas caídas pelo chão, pois, prefiro outono à verão.
... uma floresta, mil passarinhos, mil ninhos, mil cantos naturais.
... borboletas.
... uma pedra grande (enorme) no meio do “manancial”.
... sapos, gias, cururus.
... libélulas.
... muito vento para balançar as folhas, os ramos, os galhos.
... vento para fazer dançar a folhagem e a poeira no/do chão.
... vento, também, para secar a roupa do meu varal, para mexer minhas cortinas, bater minhas portas e janelas, de vez em quando.
... cadeiras de rainha em cada canto para sentar e observar, admirar e admirar.
... chuva.
... casa com telhado, para eu não perder um só barulho, uma só festa dos/de pingos sobre elas.
... muros enormes, bem reforçados. Talvez, queira um cachorro.
... coisas antigas, formas passadas.
... quase um deserto.
... girassóis.
... rosas.
... sinos de vento.
... um castelo.
... uma mesa enorme na cozinha, uma bancada, de uma parede à outra.
... tudo de dois, mas, só eu – só. Talvez...
Meu par será/é tudo o que tenho e tudo o que tiver.
... uma pia enorme, sem preocupação de arranhar.
... mil móveis (maneira de dizer). Quero dizer, cada coisa no/em seu lugar. A cama? Pode ser até no chão: só o colchão.
... todos os meus livros e cadernos e minha vida neles. Não quero retratos.
... paisagens no quadro e em tudo mais.
... pintar minhas paredes, projetar meu ideal.
... cata-ventos, rodamoinhos.
... peixes.
... uma ponte.
... paz.
... ser boa.
... servir de exemplo.
... dever nada, ou o mínimo possível.
Não quero dar satisfação. Não pretendo receber visitas, muito menos dar festas. Eu escolho quem eu quero comigo, no meu abrigo – e eu só quero os “anjos”. E eu só quero o silêncio. E eu só quero alguém igual a mim: que tenha o mesmo amor. Eu quero sair de vez em quando, visitar quem necessita: ajudar com o de comer, o de beber, o de vestir...
Não quero frescuras. Não quero copos de cristal. Quero gritar, cantar e ouvir, alto, o que eu quiser. Sonhar vivendo a/uma realidade. Quero ser autossuficiente. Não quero telefone,. TV, até pode ser/ter. quero o serviço doméstico: lavar, passar, cozinhar. Não quero preocupação com o tempo. Não quero filhos.
(...)
 Quero...
... cozinha, quarto e banheiro. No lugar da luz, pensando bem, uma vela; uma lamparina; uma fogueira, até. Lampião, não, tenho medo de gás.
... um fogão à lenha.
... tudo muito rústico, mas quero tudo. Ser feliz. Pegar na terra, andar com os pés no chão. Bananeiras. Respeito.  
Não, eu não quero um sítio, não quero uma fazenda, não quero cabeças de gado. Sorte. Ver pintinhos e patinhos saindo dos ovos, correndo de um lado para o outro. Morrer dormindo. Todo o meu mundo particular dentro da minha casa, do meu lar. Deixar tudo por escrito, mostrar, demonstrar; provar e comprovar que assim eu fui e sou feliz. De forma bem simples. Simplesmente, sem ser comum.
(...)
  H
Para que viagens a Paris?
Para que conhecer os Estados Unidos/Nova York?
-          pelo menos, se fosse como (a) Europa ou coisa assim.
Quero viver bem longe dos vícios humanos.
Quero viver longe dos remédios, das coisas artificiais.
Não quero ter endereço, número, (nem) caixa postal.
Quero minha casa no alto de algum lugar
E quando a velhice chegar...
Sou bem capaz de me matar. _- Será modo de falar?...
Sou capaz de construir um barraco
Deste jeito, no ato, desde que...
Seja no meio do mato.
Sou capaz de ir a feiras,
Catar aqui e acolá o que não prestar e restar
E preparar a terra para plantar.
Não tenho luxo de comer carne vermelha.
Prefiro ovo, arroz e carne branca
Não tenho, então, porque perder a esperança
Quem pouco pede, sempre alcança.
(...)
-          Não quero depender de ninguém.
Assim como, não quero que dependam de mim.
(...)

Cástela... PRODUÇÃO TEXTUAL (COM ERROS E TUDO)

Não faz muito tempo. Fiz a minha primeira viagem sozinha.
- não sei como fiz para chegar lá.
         ...Muito sonolenta, me pus a caminhar; e quando eu já estava bastante cansada, eu me deparei com uma estradinha: estreita e sombria, coberta por alta e densa copa de árvores nada comuns na região.
         Tudo que lembro, é que resolvi me aproximar aos poucos; e me chamou a atenção, o chão coberto de folhas, tão estranhas quanto às árvores.
         Aquele pedaço de lugar contrastava com tudo o que havia em volta, ao redor.
         Veio um vento fazendo um barulho esquisito, lá de dentro, lá do fundo e vinha devagar e ao mesmo tempo forte, mexendo os galhos das árvores e derrubando mais folhas, e levantando uma poeira fina, que me acertou os olhos distraídos.
         Eu já estava tonta de cansaço, de sono e agora de fascinação. Então, por que, para que me esforçar em abrir os olhos?!
(...)
         Eu troquei tudo por aquele mundo, e agora vivo em uma construção, que mais se assemelha a um...
castelo medieval, por sua arquitetura tão antiga; de paredes escuras, onde a umidade penetra nas fendas e cria alí o ambiente perfeito para que brotem delas umas minúsculas plantinhas: musgos, cogumelos esquisitos, avencas, samambaias, etc; sem falar no lodo que vem desde a parte mais alta até aqui.
         O que talvez, geralmente nos outros cause uma espécie de repugnância, em mim é exatamente o contrário. É uma das coisas mais bonitas do mundo:
-          do meu mundo. Um cenário melancólico e deprimente.
         Maravilhoso! Um sonho! Silêncio puro. É como o meu interior: fascinante!
         Do lado de fora , as paredes são tomadas pelas heras e por gavinhas de parreiras e pés de maracujás. Formam uma espécie de portal ou coisa parecida: um túnel.
         Quando chove, as rachaduras são percorridas por filetes d’água que caem do teto, em parte aberto, descoberto; e mais plantas nascem e crescem, e dançam.
         Às vezes, a água é demais e ultrapassa o limite, se emendando com o rio lá fora, sendo comum encontrar alguns peixes, aqui no lado de dentro, na enorme rachadura, no chão. Este lugar mais parece uma gruta: há eco nela, e o que ecoa é o barulho das gotas caindo na água, uma a uma.
         O rio lá fora é breve, calmo, estreito e claro. Faz quase que um círculo completo em volta da construção, se não fosse terminar em um lago, um pouco mais profundo; ou ter na outra extremidade uma curva em declínio, que alimenta uma pequena queda d’água.
         Ruínas. O que sobrou me parece uma torre, por sua altura e sua escada circular e comprida, longa.
         Há um vitral na única janela inteira. Quando o sol penetra por ela faz um desenhos lindos coloridos e móveis na parede oposta.
         Aqui não há inverno muito rigoroso. Não chega a cair neve.
- eu não gosto do inverno. Mas gosto do frio, do vento frio. Prefiro o outono.
Gosto de ver as folhas caindo, as árvores nuas. O chão coberto de folhas amarelas, pardas, marrons, vermelhas, ocres; secas.
-          as folhas das nogueiras são tão bonitas!
         Há muitos esquilos nessa época; época das bolotas nos carvalhos, das nozes nas nogueiras: são estranhas.
         O espaço é diferente. Muitos odores no ar: das flores do jardim.
-          é indescritível o que tais misturas podem me causar.
         Meu jardim não é uma enormidade. Mas quanto ao que contem... é incontável. Centenas de espécies de flores vivendo juntas, plantas das mais raras.
         Os girassóis, os pés de dentes de leão, e outras que nem sei que nome têm.
         Umas tão grandes, outras tão pequenas.
         No meio do jardim há um pé de carvalho. No limite que separa terra e água tem um pé de cedro; lá se pode encontrar orquídeas o ano inteiro: como depois de um há sempre outro, então é sempre, sempre.
         As flores... umas abriam pela manhã, outras pela noite. Umas duravam muito, outras muito pouco.
         No rio também haviam delas, em forma de caniços ou sobre as águas, flutuantes; como o casal de patos e seus patinhos, em fila. Algumas garças, as libélulas...
         Com muitos galhos pensos, para água; lamuriosos, parecem tristes: um salgueiro chorão.
-          gosto de ficar observando por horas sobre ou sob seus galhos.
         Vi um casal de cabras da montanha uma única vez. Desceram da floresta da parte de cima a procura da grama baixa em redor do rio, e do sol um pouco mais quente que fazia por aqui.
         De noite, bonito mesmo é o reflexo da lua na água, o barulho dos sapos na pedra enorme, no meio do lago; o barulho dos grilos...
         A medida que se sobe a montanha, a paisagem vai mudando aos poucos.
         No começo da elevação há bananeiras, são poucas, pode se contar nos dedos, eram únicas, quebrando toda a harmonia do outono do lugar; e parecem ilhadas, sobre um monte de terra meio vermelha: tropical, até.
- o sol batia um pouco mais forte.
         Há uma parte mais seca, de areia mais clara, e sete pés de coqueiro: limite com o precipício.
- creio que do lado leste, pois o sol sempre nasce deste lado, e morre atrás do castelo.
         À porta da construção, nogueiras em fila propositada: parecem guardas imóveis, fiéis.        
         Duas árvores enormes do lado esquerdo: um jequitibá sem vida e uma  secóia, que nessa época do ano parecia tão morta como seu companheiro; entrelaçados pelos galhos secos. Uma coruja vivia no buraco do tronco oco do jequitibá. Minha companhia noturna.
         A árvore do lado direito: um flamboiã. Seus galhos se estendiam até uma sacada.
         Eu adormeço, quando não ao som da chuva, olhando as estrelas.
         E quando não quero dormir, vou até a sacada, observar a névoa cobrir todo o espaço.
         Às vezes outras corujas vêem ao encontro desta que citei.
         Quanto à lua, sempre aparece por detrás dos coqueiros, sempre na época em que está cheia.
         Parece maior e mais próxima do que em qualquer outro lugar.
         Às vezes se pode ouvir o uivo dos lobos ecoando no espaço, e pode se ver as luzinhas dos vaga-lumes piscando... como indecisos.
         Um novo dia sempre chega. As águias e os falcões dão seus vôos a procura de peixes.
         Quando é primavera, o flamboiã é o primeiro a anunciá-la. O número de borboletas e abelhas triplicam.
         À beira do precipício, oposto ao dos coqueiros, há um campo de trigo silvestre.
-          como nos meus sonhos.
         Há um porão na parte mais escura do lugar.
-          acho que antigamente foi um salão.
         Uma vez, movida pela curiosidade, abri a passagem, mas tudo que pude ver foi uma revoada de morcegos barulhentos, incomodados. Senti medo, mas pus os pés nos primeiros degraus da escada. Recuei. A escada começou a ranger, como se fosse se desmanchar. Alguma coisa cobria os degraus, como areia movediça. Se houvessem cobras, escorpiões...
         Os ciprestes lá no cume da montanha, floresta de coníferas... só lá cai neve, de cobrir o chão inteiro.
- às vezes, o pico parecia flutuar nas nuvens, com seus pés de pinheiros e eucaliptos.
-          Devem haver pandas lá; coalas, ursos, gamos...
         Esta é a montanha mais alta do lugar; também é a mais afastada. Existem animais e plantas aqui que não podem ser vistas em nenhum outro lugar.
         O clima é instável, como os da quatro estações, possibilitando muitos “contrastes” de viverem juntos aqui.
- vivo sozinha neste lugar.
         Uma figura bizarra de pedra parece vigiar tudo em volta, lá do alto: é uma espécie de gárgula. Dentro da construção, há muitos desenhos nas paredes: são dragões de fogo; dois deles bem apagados, restando o último; que mais parece ter sido esculpido há pouco tempo, recentemente.
         Em dia de chuva, essas coisas de pedra, na pedra ganham uma aparência mais aterradora: relâmpagos azulados, o barulho dos trovões, parecem anunciar alguma guerra.
-          tudo isso é hipnótico.
(...)
                
-          quando eu morrer quero voltar aqui.


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