Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, todos os
indivíduos são iguais em dignidade e direitos. Entretanto, tal
premissa não é verificada na realidade brasileira, uma vez que ela
possui uma crescente população de rua excluída desses direitos
básicos e tratada de maneira não digna. Com isso, emerge um grave
problema em virtude do silenciamento e da priorização de ganhos
financeiros.
Sob esse viés, em primeiro plano, pode-se apontar o silenciamento como um dos grandes desafios à reinserção econômica da população de rua. Djamila Ribeiro teoriza que é preciso tirar uma situação da invisibilidade para que soluções sejam promovidas. No entanto, há um silenciamento instaurado nessa questão, pois, ela não é discutida publicamente, e isso gera desconhecimento da população a respeito desse triste panorama social. Por consequência, há a desumanização dessas pessoas, e tal atitude facilita a formação de preconceitos que impedem que medidas sejam tomadas pelos cidadãos e políticos.
Além disso, outro grande desafio à resolução dessa realidade é o privilégio dado aos interesses capitalistas. Para Bauman, “os valores da sociedade estão sendo colonizados pela lógica de mercado”. Tal constatação é nítida nessa questão, pois, nos últimos dez anos, a economia neoliberal privilegiou os setores financeiros. Isso causou afrouxamento de leis trabalhistas e diminuição de gastos com políticas públicas, e, consequentemente, desemprego, miséria e vulnerabilidade sociais, fatores determinantes para que pessoas morem na rua. Então, para escapar desse cenário, é necessário que políticas sociais sejam priorizadas.
Portanto, faz-se necessário uma intervenção. Para isso, o poder público deve criar um projeto específico para a resolução do problema, por meio da criação de uma renda básica a ser distribuída à população mais vulnerável, de modo a reverter a priorização de interesses do mercado, ocorrida nos últimos anos. Tal ação, ainda pode contar com a revisão das políticas neoliberais adotadas, tais quais precarização do trabalho e adoção de teto de gastos públicos. Paralelamente, é preciso intervir no silenciamento, com denúncias como as feitas pela Pastoral do povo de rua. Dessa maneira, os preceitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos poderão se concretizar na realidade brasileira.
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