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quarta-feira, 13 de novembro de 2019

No tempo em que o Espírito habitava a terra ... VDM - Vinicius de Moraes

No tempo em que o Espírito habitava a terra
E em que os homens sentiam na carne a beleza da arte
Eu ainda não tinha aparecido.
Naquele tempo as pombas brincavam com as crianças
E os homens morriam na guerra cobertos de sangue. 
Naquele tempo as mulheres davam de dia o trabalho da palha e da lã
E davam de noite, ao homem cansado, a volúpia amorosa do corpo.

Eu ainda não tinha aparecido.

No tempo que vinham mudando os seres e as coisas
Chegavam também os primeiros gritos da vinda do homem novo
Que vinha trazer à carne um novo sentido de prazer
E vinha expulsar o Espírito dos seres e das coisas.

Eu já tinha aparecido.

No caos, no horror, no parado, eu vi o caminho que ninguém via
O caminho que só o homem de Deus pressente na treva.
Eu quis fugir da perdição dos outros caminhos
Mas eu caí.
Eu não tinha como o homem de outrora a força da luta
Eu não matei quando devia matar
Eu cedi ao prazer e à luxúria da carne do mundo.
Eu vi que o caminho se ia afastando da minha vista
Se ia sumindo, ficando indeciso, desaparecendo.
Quis andar para a frente.
Mas o corpo cansado tombou ao beijo da última mulher que ficara.

Mas não.
Eu sei que a Verdade ainda habita minha alma
E a alma que é da Verdade é como a raiz que é da terra.
O caminho fugiu dos olhos do meu corpo
Mas não desapareceu dos olhos do meu espírito
Meu espírito sabe...

Ele sabe que longe da carne e do amor do mundo
Fica a longa vereda dos destinados do profeta.
Eu tenho esperanças, Senhor.
Na verdade o que subsiste é o forte que luta
O fraco que foge é a lama que corre do monte para o vale.
A águia dos precipícios não é do beiral das casas
Ela voa na tempestade e repousa na bonança.
Eu tenho esperanças, Senhor.
Tenho esperanças no meu espírito extraordinário
E tenho esperança na minha alma extraordinária.
O filho dos homens antigos
Cujo cadáver não era possuído da terra
Há de um dia ver o caminho de luz que existe na treva
E então, Senhor
Ele há de caminhar de braços abertos, de olhos abertos
Para o profeta que a sua alma ama mas que seu espírito ainda não possuiu.


O texto acima pode ser considerado como:
a) poesia
b) poema
c) prosa
d) prosa poética
Quem pode ser considerado o “eu lírico” do texto?
R. ___________________________________
Em qual gênero literário podemos enquadrá-lo?
a) lírico
b) épico/narrativo
c) dramático
Em qual tipo textual podemos enquadrá-lo?
a) narrativo
b) descritivo
c) dissertativo
d) argumentativo
e) injuntivo/instrucional
Qual função linguística  é predominante no texto?
a) denotativa/referencial/cognitiva
b) emotiva/expressiva
d) fática/ de contato
e) metalinguística
f) poética
g) apelativa/conativa
ANALISE E IDENTIFIQUE OS ELEMENTOS DA NARRATIVA DO TEXTO ACIMA.
Quem podemos considerar como o narrador do texto acima de acordo com o foco narrativo/ ponto de vista.
R. ______________________________________
Qual tipo de narrador encontramos no texto:
a) narrador personagem/ em primeira pessoa
b) narrador observador/ em terceira pessoa
c) narrador onisciente
Podemos classificar o tempo como:
a) cronológico
b) psicológico
COM RELAÇÃO AOS RECURSOS POÉTICOS EMPREGADOS NO TEXTO FAÇA O QUE SE PEDE.
Circule todas as sílabas tônicas que aparecem em cada verso/ linha.
Observe cada uma das sílabas tônicas finais de cada verso/ linha e assim classifique o tipo de rima empregado no texto.
Após a leitura do texto/canção acima responda às questões abaixo.

QUAL OU QUAIS FIGURAS DE LINGUAGEM APARECEM NO TEXTO?
QUAL OU QUAIS VARIAÇÕES DE LINGUAGEM APARECEM NO TEXTO?

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